‘Mister Brau’: Taís Araújo fala do lançamento da carreira solo internacional de Michele

Em entrevista ao Almanaque da Cultura, atriz revela que sua personagem está acostumada com show popular, com milhares de pessoas e nada muito sofisticado.

Na nova temporada de “Mister Brau“, que voltou à grade da TV Globo no dia 12 de abril, a personagem de Taís Araújo firma sua carreira solo nos Estados Unidos. Logo no primeiro episódio, a esposa, empresária, coreógrafa e musa inspiradora de Brau aparece sozinha no palco, cantando canções próprias para uma pequena plateia. No entanto, em conversa com o Almanaque da Cultura, a atriz revela que a personagem Michele está acostumada com show popular, com milhares de pessoas e nada muito sofisticado. “Não é o que ela se identifica”, explica Taís.

Leia também:

Almanaque da Cultura: Como foi a transição das gravações para a segunda temporada de “Mister Brau”? E como será o progresso da carreira da personagem?
Taís Araújo: A gente não parou. Emendou uma temporada na outra. A gente só teve um mês de férias, mas foi bom para pensar essa segunda temporada. Vem com muitas novidades. Continua tendo uma música nova por episódio, que, na verdade, é um grande desafio. Agora os episódios são temáticos. Tem um episódios que eu amo, que é o episodio de terror, de suspense. Foi gravado todo à noite. É maravilhoso! Nessa temporada tem a Michelle cantando uma coisa que ela não se encaixa de jeito nenhum, coitada. No último episódio, ela estava fazendo sucesso nos Estados Unidos. Nessa temporada começa ela ainda fazendo sucesso lá fora, mas completamente desencaixada no tipo de música que ela canta. Ela está acostumada com show popular, com milhares de pessoas e nada muito sofisticado. Não é o que ela se identifica. Em relação as novidades dessa temporada, nada pra mim é novo, estou gravando tanto tempo que nada é novidade (risos).

Almanaque da Cultura: Como e quando acontece essa virada da personagem?
Taís Araújo: Acontece esse desencontro entre ela e o Brau. Ela (Michele) vai viver essa carreira internacional. Vive durante um tempo e volta. Ela morre de saudade dele, morre de saudade desses shows mais populares, do Brasil. Da verdadeira raiz dela. Isso que eu acho mais legal desses personagens. Eles são muito fiéis as origens deles. E foi a origem deles que os transformou nos artistas que eles são, na potência que eles são. Quando falo desse desencaixe dos Estados Unidos, dessa vida lá fora, é porque ela é muito feliz com a vida dela aqui no Brasil e com o som que eles fazem, com o público deles. Quanto mais ela faça sucesso lá fora, o que encanta ela é essa vida que eles têm aqui.

Em cena da segunda temporada, Taís Araújo canta no palco (Foto: João Miguel Júnior / TV Globo)

Almanaque da Cultura: Qual está sendo a repercussão do público?
Taís Araújo: A repercussão é muito boa, tão legal! A gente não tinha noção do que seria. Quando a gente se encontrou na coletiva da primeira temporada, não tínhamos ideia do sucesso. A gente só sabia que fazia uma coisa que é era muito divertido de fazer. A gente não sabia que era divertido de ver (risos). E acabou que as pessoas gostam muito também. Isso é muito legal. A gente foi gravar uma parte dessa nova temporada em Salvador, Bahia, e era tão impressionante o carinho do público. Como as pessoas receberam bem a gente lá. A gente atrapalhou o Carnaval de Salvador, que foi o que a gente foi fazer (risos). Atrapalhar! Tudo já rola em um esquema e a gente teve que pedir licença pra trabalhar ali naquele momento. E as pessoas ficavam tão felizes de participar, sabe? De fazer parte. É uma resposta muito boa, graças a Deus!

Almanaque da Cultura: Você pensa em carreira internacional?
Taís Araújo: Deus me livre! Eu morro de preguiça. Só se cair no meu colo. Se cair no meu colo, eu não perco a oportunidade, mas de tentar, não, nem pensar.

Nova temporada de Mister Brau começa em abril (Foto: Globo/João Miguel Júnior)

Almanaque da Cultura: O jornal inglês “The Guardian” publicou extenso material há alguns meses comparando você o Lázaro Ramos aos astros pop norte-americanos Jay Z e Beyoncé, que também são casados na vida real. Qual sua opinião sobre isso?
Taís Araújo: Eu acho tão engraçado as pessoas falarem isso. Claro que tinha essa comparação sim. É legal, ótimo, maravilhoso, adoro os dois. Mas o “The Guardian” falava, na verdade, de como esse país é atrasado nessas questões. Era mais uma crítica ao país do que um elogio propriamente dito.

Almanaque da Cultura: Você faz alguma experimentação como cantora?
Taís Araújo: Afinada eu sou! É a única coisa que eu sou (risos). É muito divertido cantar no trabalho, brincar de pop star. Na novela “Cheias de Charme” a gente já brincava e era ótimo. Mas é muito divertido brincar, até porque a gente não é. Vida de pop star é muito barra pesada, eu não aguentaria. Vida de noite, trabalhar muito à noite, sou muito do dia. Já fico muito mal humorada quando estou com sono. Eu não tenho a menor vocação pra isso. Eu sou muito diurna. Mas que é engraçado brincar nesse universo, é. Vamos gravar em uma casa de shows e vai ser bem bacana. A gente brinca de verdade de pop star (risos). Até a gente fica nervoso.

Almanaque da Cultura: Você canta em casa para os filhos?
Taís Araújo: Eu canto muito em casa, canto muito no chuveiro, canto muito com as crianças, canto muito. Eu queria tanto saber cantar, gente. Mesmo! Eu acho muito legal. Eu canto para os meus filhos (João Vicente, de 4 anos, e Maria Antônia, de 1). Mas tem hora que o João fala: “mamãe, eu quero dormi, faz favor”. A gente canta muito. O João em especial canta bastante. Eu queria saber mesmo. Sabe? Aquela gente que já abre a boca e já faz o show? Eu não assisto “The Voice Kids” com as crianças. Queria tanto. É domingo de manhã, eu estou fazendo teatro em São Paulo, então, quando as crianças estão com a gente em São Paulo, eles vão a cada quinze dias, a gente não fica em casa. A gente fica fora. Adoraria ver. Dizem que você chora muito com as crianças. Adoro chorar!

Michele vai lançar carreira internacional nos Estados Unidos (Foto: Globo/João Miguel Júnior)

Almanaque da Cultura: Como continua a parceira com o marido Lázaro Ramos?
Taís Araújo: É ótima, sabia? Trabalha-se tanto, que não temos tempo para pensar em quase nada. Você sabe que eu li em uma entrevista que ele falava que a gente não briga mais. Eu me toquei e falei: “é verdade!”. Com tanto trabalho, você não tem tempo de brigar, porque é tanto trabalho, não só aqui na Globo. A gente tem dois filhos pequenos, uma casa para administrar. Estou o tempo inteiro com o celular, porque estou administrando a minha casa. Estou fazendo uma mudança essa semana, estou que nem uma maluca (risos). Mas tem sido muito bom, ele é um excelente diretor, generoso, tranquilo, objetivo, eu acho que ator-diretor tem isso de conseguir acessar o ator, né? De uma maneira mais fácil, porque ele está naquele lugar também.

Almanaque da Cultura: Como você está se sentindo ao atuar na peça “O Topo da Montanha”, de Katori Hall?
Taís Araújo: Adoro fazer esse espetáculo. Sou tão feliz ali, porque é um assunto que mexe muito comigo. É um assunto que fala em tudo que acredito, sobre como quero criar os meus filhos, como gostaria que o mundo fosse. Então, fala muito direto a mim aquele texto. Não foi atoa que a gente escolheu comprar e montar. Esse espetáculo toca muito as pessoas. É tão bonito ver aquele teatro lotado de pessoas que estão afim de falar sobre isso. Quando acaba a peça, costumo dizer que o mundo não está perdido. O teatro está sempre lotado de pessoas sabendo do que elas iriam ouvir, ninguém está ali de desavisado. Acho que no início iam os desavisados encontrar, sei lá, outro tipo de assunto. Mas quando acaba e vejo todo mundo ali tão comprometido, tão envolvido do que está sendo dito. Vejo que está valendo a pena. O trabalho está sendo bonito mesmo.

Almanaque da Cultura: O texto do espetáculo “O Topo da Montanha” é a preparação de um mundo que você quer para os seus filhos?
Taís Araújo: Sem dúvida nenhuma! A gente está ali falando do que a gente acredita, né? A gente acredita e espera que o mundo seja assim um dia. Adoro quando as crianças vão ao teatro. Eles não podem assistir a peça ainda. Mas eles entram sempre na hora dos aplausos. Eles ficam sem entender nada. Um dia, o João conseguiu escapar do colo da minha prima, e subiu no palco. Ele abaixou a cabeça e agradeceu os aplausos. Foi lindo! Costumo ensinar para eles como a diferença é importante, como a diferença soma. Eu crio eles com a premissa mais importante, que é o respeito ao próximo. Que a diferença vem para somar. Que é muito mais interessante do que o outro tem diferente de você, do que o outro tem de igual. O que tem de igual você já tem. Muito mais legal o que o outro tem de diferente e o que ele possa lhe oferecer.