Sergio Guizé fala de inspiração em Mazzaropi para ‘Êta Mundo Bom!’ e a banda de rock

O ator e cantor também estudou sobre o humorista Charlie Chaplin para interpretar Cadinho

Sergio Guizé ficou nacionalmente conhecido ao interpretar o protagonista João Gibão no remake de “Saramandaia” em 2013 na TV Globo. No ano seguinte, em 2014, fez seu segundo protagonista em “Alto Astral“, na mesma emissora. Agora, o ator e cantor dá vida a mais um protagonista, o personagem Cadinho, em “Êta Mundo Bom!“, novela das seis da Globo, que substituiu “Além do Tempo“, escrita por Walcyr Carrasco. Em conversa com o Almanaque da Cultura, Guizé contou que se inspirou bastante nos humoristas Mazzaropi e Charlie Chaplin, ficou bem amigo do ator Eriberto Leão durante as gravações e ainda falou sobre seu lado roqueiro com a sua banda Tio Che, formada há 15 anos. “Acabamos de gravar uma música e vamos gravar um clipe”, revelou.

Sergio Guizé como Cadinho em “Êta Mundo Bom!” (Foto: TV Globo)

Almanaque da Cultura: Conte-nos um pouco de Candinho?
Sergio Guizé: Ele é um rapaz muito do bem. Tem um amor incondicional pelas pessoas. Ele também tem um amor incondicional à vida. Ele vem com uma mensagem de esperança pra gente nos dias de hoje, além de retratar um pouquinho do pós-segunda guerra, do interior de São Paulo e de seus costumes, etc. Ele é autêntico e tem sabedoria. Vale ressaltar que ele estará sempre acompanhado de seu melhor amigo, o burro Policarpo. Ele não se deixa abater pelos percalços da vida e tem duas missões durante a trama: de encontrar a verdadeira mãe, de quem foi separado ao nascer, e reencontrar Filomena (Débora Nascimento), seu grande amor, de quem foi obrigado a se afastar.

Almanaque da Cultura: Ele vai sofre bastante, né?
Sérgio Guizé: Ele vai sofrer desde o começo. Entretanto, vai continuar com a mensagem: “Tudo o que acontece de ruim na vida da gente é “pra meiorá”. Ele sofre muito, coitado! Mas não perde a esperança. Nunca perde o otimismo. Tem tudo a ver com nós, brasileiros.

Sergio Guizé como Candinho e Débora Nascimento como Filomena em “Êta Mundo Bom!” (Foto: TV Globo)

Almanaque da Cultura: Você protagonizou “Alto Astral” e agora está estrelando mais uma trama. Você quase emendou um trabalho no outro. Não teve férias?
Sergio Guizé: Na verdade não parei. Terminei gravar de gravar “Alto Astral” e comecei no dia seguinte a gravar um filme. Durante esse período longe da tevê, gravei três longas-metragens. Até gravei um filme com a Débora Nascimento, “Tudo Bom, Tudo Bem” e agora estou fazendo o Candinho, mas fui convidado para fazer essa novela assim que estreou “Alto Astral”, o Jorge (Fernando) me convidou para fazer. Ainda bem que deu certo. Muitas coisas aconteceram, mas no final deu tudo certo.

Almanaque da Cultura: Como é fazer um personagem com o sotaque bem carregado?
Sergio Guizé: É um desafio. Eu tento fazer de verdade. Treinei bastante. Até para não desrespeitar esse sotaque. Fiz uma grande preparação. Entretanto, fiz tudo de coração. Eu quero que seja de verdade e não engraçado. Engraçado o personagem já é.

Sergio Guizé como Cadinho e Marco Nanini como Pancracio em “Êta Mundo Bom!” (Foto: TV Globo)

Almanaque da Cultura: Como é trabalhar com o Walcyr Carrasco?
Sergio Guizé: Esse é meu primeiro trabalho com ele. Está sendo muito legal. Tudo muito especial. As dicas que ele me deu foram incríveis, aproveitei bastante. O nosso primeiro encontro foi muito bacana. Ele me falou de Charlie Chaplin. Sou muito fã de Chaplin, acho incrível! Sem contar o talento do Walcyr. Cada cena é uma surpresa. Eu estou ficando cada vez mais fã dele. Estou amando essa nossa parceria.

Almanaque da Cultura: Você já atuou em uma trama das 23h, das 19h, e agora uma trama das 16h. Como está sendo atuar em vários horários?
Sergio Guizé: É! Agora estou esperando as outras (risos). Tomara que venham outras coisas. Eu não sei como será a das 18h, porque ainda não estreou. Não tenho ideia do que irá acontecer, mas estou muito feliz!

Almanaque da Cultura: O que você espera da reação do público?
Sergio Guizé: Espero que as pessoas se apaixonem pelo Candinho, assim como eu me apaixonei. Estou fazendo sem pretensão. Tenho estudado muito. Espero que entendam a mensagem de Voltaire. A princípio, tudo que acontece de ruim, é para melhorar. Eu não espero nada de ruim para as pessoas. Candinho traz esse otimismo, esse lado bom que ele vê a vida e esse amor incondicional. Estou fazendo de coração, de dentro para fora. Estou me dedicando muito. Um personagem bem diferente de mim e de tudo que eu já fiz. Espero que as pessoas gostem, de coração.

Jorge Fernando ensaiando com Sergio Guizé para a novela “Êta Mundo Bom!” (Foto: TV Globo)

Almanaque da Cultura: E o seu lado roqueiro? Você deu um tempo da banda Tio Che?
Sergio Guizé: Nunca! A gente acabou de gravar uma música. Vamos gravar um clipe, o nome da música é “Presente”. A canção tem muito a ver com o Candinho. Tudo que é de ruim vai melhorar. O “Presente” é um presente. Estou doido para tocar novamente, mas no começo da novela estou um pouco isolado por conta de tudo isso. Entretanto, estou compondo com os integrantes da banda, que são os meus irmãos. Estamos juntos há mais de 15 anos.

Almanaque da Cultura: Como está sendo interpretar esse cara tão otimista?
Sergio Guizé: Para as pessoas acreditarem, eu tenho que acreditar. E, cada dia mais, eu tenho acreditado nesse otimismo do personagem. Acredito na bondade humana, no amor incondicional, na vida. Se eu acreditar, acho que eu vou conseguir passar isso para o público de verdade. E, se as pessoas acreditarem, eu ficarei muito feliz.

Almanaque da Cultura: Você acha que o bordão: “Tudo o que acontece de ruim na vida da gente é “pra meiorá”, vai pegar?
Sergio Guizé: Tomara que pegue! Eu acho que o bordão é uma mensagem universal. Eu acredito que quando o Voltaire escreveu era uma crítica para sociedade na época, mas a gente está usando com muito otimismo. Creio que as pessoas irão absorver essa mensagem. Não só pensar em coisas ruins. A vida é uma coisa muito boa. A vida é um presente e é muito bom viver. Viver é a possibilidade de coisas novas.

Serguio Guizé é vocalista e guitarrista da banda punk Tio Che (Foto: Reprodução/Facebook)

Almanaque da Cultura: As pessoas hoje em dia assistem à novela com um celular na mão, opinando. Você acha que eles vão acreditar nessa ingenuidade do personagem?
Sergio Guizé: Tomara que as pessoas acreditem. A novela vai trazer um pouco dos costumes e da moral da pós-segunda guerra mundial. A novela tem muito do lúdico. É bem humorada. Então, espero que acreditem no universo do personagem. Enfim, a gente está muito apaixonando fazendo a novela.

Almanaque da Cultura: Você se inspirou no Mazzaropi para compor o personagem?
Sergio Guizé: Eu vi os filmes dele sim. Li os livros do Voltaire. Peguei várias referências. Assisti muito aos filmes de Charlie Chaplin, por sugestão do autor. Acho o Charlie Chaplin um grande artista. Não o melhor, porque cada artista tem seu valor. Sou fã desde sempre e foi um prazer rever os filmes dele.

Almanaque da Cultura: Como estão os bastidores da novela?
Sergio Guizé: Está sendo incrível! O Eriberto Leão acabou virando meu amigo. Até a canção que eu acabei de gravar, ele já ouviu. É um presente ele estar na minha vida. Estou muito feliz! Eu e ele temos muita coisa em comum. O rock inclusive. Estou adorando o clima nos bastidores. Eu ainda não gravei com todo mundo. Estou honrado em trabalhar com o mestre Marco Nanini. Eu nunca imaginei em trabalhar com um cara tão incrível, um artista da grandiosidade dele. Além de reencontrar a querida Débora Nascimento. Esse é o nosso terceiro trabalho juntos.

Sergio Guizé como Cadinho em “Êta Mundo Bom!” (Foto: TV Globo)

Almanaque da Cultura: A Débora Nascimento dança na trama. Você vai dançar com ela?
Sergio Guizé: Eu não fiz aula de dança não. Ela está fazendo. Eu fui na minha mesmo. Candinho não tem muita obrigação de dançar bem, não. Ele faz tudo de coração. Ele é bem direto.

Almanaque da Cultura: Você é pé de valsa?
Sergio Guizé: Eu não danço. Eu acho que eu danço mais como o Candinho do que como o Guizé. Na minha adolescência, ia nas baladas e ficava no canto da sala esperando alguém falar comigo.

Almanaque da Cultura: Você era ruim ou era tímido?
Sergio Guizé: Acho que os dois. Depois que eu perdi um pouco da timidez, continuei dançando horrivelmente. Na banda eu tenho uma guitarra e um microfone. Não danço!

Assista ao clipe da música “O Solitário”, da banda Tio Che, de Sergio Guizé: