Solange Couto está no elenco da nova temporada de “Malhação – Seu Lugar no Mundo“. Em conversa com o Almanaque da Cultura, a artista comentou sobre a nova experiência na Rede Globo e relatou como foi sua saída da Rede Record. “Eles (Rede Record) foram muito gentis, muito generosos e muito educados comigo. Não me cobraram multa, o que poderiam ter feito legalmente. Só me perguntaram se eu tinha certeza”.
Almanaque da Cultura: Como está sendo trabalhar com essa nova geração de atores?
Solange Couto: Tem tudo o que eu não tive. Nós (atores mais experientes) não tínhamos essa fábrica pronta que eles têm, esse suporte todo que eles têm agora. Eles têm tudo nas mãos, para aprender muito. E virem a ser atores maravilhosos. Todos são muito talentosos e todos estão muito ávidos por mais conhecimento. Isso facilita muito para nós.
Almanaque da Cultura: Fala um pouco mais sobre a Dona Vanda?
Solange Couto: Ela é uma mãe muito rígida com o mais velho. Eu fico com pena dele às vezes. Dele, ela puxa a orelha, grita e fala áspero com ele. Já com o outro, ela passa a mão na cabeça o tempo todo. Mesmo sabendo que o outro é o peralta, apronta algumas. É esquisito.
Almanaque da Cultura: Você tem algo parecido com ela?
Solange Couto: Eu não faço diferença de filho, ela faz.
Almanaque da Cultura: Com está sendo trabalhar nessa nova temporada de “Malhação”?
Solange Couto: É uma delícia. Nunca trabalhei com tantos jovens ao mesmo tempo. São todos estreantes e estão famintos de trabalhar, de aprender. Está sendo uma delícia. Primeiro o retorno à casa, depois de cinco anos, em Malhação, com o programa fazendo 20 anos. A casa faz 50 anos. Esse retorno do texto voltar a ser escola, um texto absurdamente rico. É tudo de muito bom. Eu já chorei muitas vezes de alegria aqui dentro, depois desse retorno. Já abracei a mangueira que tem na porta do estúdio – eu tenho essa mania de abraçar a natureza – e chorei muito. Está sendo muito bom.
Almanaque da Cultura: Como foi sair da Rede Record e entrar em seguida na TV Globo?
Solange Couto: Então, eu tinha contrato com a Record até 2017, mas eu sou uma atriz que precisa trabalhar o exercício. Essa história de: “você não está recebendo? Então fica quieta aí!”, não cola para mim. Não sei brincar disso. Isso não é bom para mim. O meu ofício é o meu oxigênio. Sem o meu trabalho, eu murcho, como uma planta sem água e sem sol. Não adianta ter as contas pagas com o meu interior triste e infeliz. E eu estava muito infeliz por não estar trabalhando. Aí, fui à direção da Record e perguntei: ‘o que vocês têm para eu fazer até o ano que vem?’. E eles não tinham nenhuma perspectiva para mim. O que a casa tinha para si é uma história, para mim, é outra história. E eles não tinham nada. E aí, eu pedi para ir embora. Eu não tinha vindo aqui, não tinha nenhum convite. Simplesmente, queria me libertar, para poder voltar ao teatro, que eu não estava podendo. Voltar a dar cursos, a ensinar ou a aprender, porque eu não estava fazendo nada na minha área.
Almanaque da Cultura: Sua saída da Rede Record foi conturbada?
Solange Couto: Eles foram muito gentis, muito generosos e muito educados comigo. Não me cobraram multa, o que poderiam ter feito legalmente. Só me perguntaram se eu tinha certeza. “Perder você, para nós, não é bom”. E eu respondi: “vocês não vão estar perdendo uma coisa que vocês não usam”. Só perde quando se usa. Eles foram muito carinhosos, me liberaram e pronto.
Almanaque da Cultura: E, como foi esse processo?
Solange Couto: Eu fiquei um ano quietinha cuidando da vida, vendo as coisas, me cuidando. Até que eu avisei para a TV Globo e coloquei na minha página do Facebook “estou na pista para negócio de trabalho de atriz”.