O fotógrafo sul-africano Aj Paris, além de ter cerca de 300 fotos suas espalhadas ao redor do mundo, resolveu quebrar paradigmas ao criar o projeto de foto-livro “Men Around The World“, em julho de 2015. Fotografado em várias cidades ao redor do mundo o projeto busca mostrar que somos todos iguais e para isso se utiliza da figura masculina. Há homens magros, gordos, musculosos, negros e quaisquer tipo de corpo independente de raça, cor, credos e religião.
Baseado em uma vivência pessoal de preconceito quando saiu para passear com seus primos nos Estados Unidos e foi questionado sobre o tipo de vestimenta que usava, o fotografo natural da Africa do Sul, Aj Paris descobriu ali sobre um tema que gostaria de falar e provocar: as diferenças culturais entre os homens e seus modos de viver ao redor do mundo. Assim, já adulto deu inicio a seu projeto de livro-documentário “Men Around The World”.
Paris resolveu viajar o mundo e fotografar homens das mais diversas cultura todos nus, para provar que no fundo somos todos iguais, e que roupa é muito mais uma crença que um objeto de diferenciação, pois segundo ele mesmo declara em entrevista ao Almanaque da Cultura “particularmente fico mais ofendido quando um modelo não sorri do que quando ele mostra sua nudez”.
Indiano fotografado em Parque Nacional na Índia (Foto: Aj Paris)
Almanaque da Cultura: Como foi a escolha do elenco? Dos homens que você gostaria de fotografar ao redor do mundo?
Aj Paris: Dependeu muito! Alguns eu busquei em agências, outros foram indicações de amigos, alguns são pessoas que eu vi na rua e convidei para participar, alguns conheci em festas, enfim…. em todos os lugares.
Almanaque da Cultura: O que espera com seu projeto?
Aj Paris: Meu objetivo é contar sobre a cultura que envolve os homens de diferentes raças ao redor do mundo através da fotografia. O livro não traz muito textos, mas conta um pouco da história do homem fotografado. Sobretudo eu queria contar a história de homens do mundo todo, e a diversidade que envolve isso.
Modelo fotografado no Congo, na Africa (Foto: Aj Paris)
 Almanaque da Cultura: Hoje em dia, você consegue definir quem é o público consumidor de seu livro “Men Around The World”?
Aj Paris: O assunto do livro é sobretudo sobre humanidade. Tem homens no livro que são pais, irmãos, filhos, amantes, etc… Os consumidores, portanto, podem ser qualquer pessoa que tenha interesse em conhecer mais sobre este universo.
 
Almanaque da Cultura: Como foi a recepção das pessoas com seu projeto, uma vez que fala de nudez artística ainda que evoque o tema cultura?
Aj Paris: Foi realmente bem legal! Eu tive muitos feedbacks positivos. A unica retorno negativo que ouvi de algumas pessoas foi a opção de usar fotos em preto e branco. As pessoas querem cor quando se trata de contar uma história. Mas quando você vê um a foto em Preto e Branco você se força a lidar com as situações como elas são.
Homem fotografado em Taiwan para o “Men Around The World” (Foto: Aj Paris)
 Almanaque da Cultura: Como você foi recebido pelas pessoas nos países delas?
Aj Paris: As pessoas ficam muito orgulhosas em serem fotografadas. Eles querem contar suas histórias e querem que seus rostos sejam vistos no mundo todo. Se eu aprendi alguma coisa com este projeto é que todos temos uma história e todo mundo quer contar sua história.
Almanaque da Cultura: Qual foi o lugar mais impressionante que você conheceu enquanto fotografava ao redor do mundo? Conte nos alguma curiosidade?
Aj Paris: A India é realmente um país incrível e curioso para se fotografar. Eu fotografei um homem no gigantesco parque de Mumbai quando de repente apareceu um tigre branco no lugar. É claro que tivemos medo, é natural, mas ainda assim fizemos fotos maravilhosas.
Almanaque da Cultura: Você enfrentou algum preconceito pelos países que visitou com seu projeto?
Aj Paris: Eu fotografei um homem da Arábia Saúdita, que mais tarde me disse para que eu não tirasse as fotos deles do livro. Segundo ele o pai dele viu as fotos e ficou com medo de que o filho sofresse sansões devido a limitações próprias da cultura islâmica. Mas no fim, eles me ligara, e disseram: Quer saber? Vamos fazer isso por que nos temos orgulho de nosso filho! Porém já era tarde, mas com certeza será um material que eu vou incluir em um trabalho futuro.
Retrato de um homem russo no “Men Around The World” (Foto: Aj Paris)
Almanaque da Cultura: Você acha que as pessoas ainda veem a nudez como um tabu?

Aj Paris: Em muitas partes do mundo, sim. A nudez ainda é vista como uma experiência privada. Eu penso que é importante respeitar leis das outras culturas e é por isso que eu geralmente não publico fotos nuas. Para mim, o pênis ou as nádegas de um homem não são mais ou menos privadas que o resto do corpo. São apenas mais uma parte do corpo. Eu particularmente fico mais ofendido quando um modelo não sorri do que quando ele mostra sua nudez.

Almanaque da Cultura: No Brasil você escolheu o Gerson Couto (bailarino e autor de “Gretchen -Uma Biografia Quase não Autorizada”) para ser clicado. Como foi esta parceria?
Aj Paris: Gerson é incrível. Ele é cheio de vida e eu entendi isso imediatamente após conversar com ele por alguns minutos. Ele tem uma capacidade extraordinária de desfrutar todas as suas vidas. E eu digo vidas, por que o Gerson não é uma coisa só. Ele é um homem bonito e ele não tem medo de compartilhar sua vida com o mundo. Trabalhar com ele foi muito divertido e cheio de risadas. É maravilhoso te-lo em minha vida!
O brasileiro Gerson Couto também foi clicado pela fotografo para o “Men Around The World” (Foto: Aj Paris)