Maria Bethânia é um marco do Brasil. Não só na música, mas na história em si. Cada um que a admira tem suas preferências em relação à artista e estas emoções que ela desperta são a base da exposição “Maria de Todos Nós”, com obras de mais de uma centena de artistas plásticos, fotógrafos, poetas e músicos, que abre na sexta-feira, 3 de julho, e segue até 13 de setembro, no Paço Imperial, Rio de Janeiro.
Bia Lessa é a responsável pela direção geral e expografia da homenagem aos 50 anos da cantora. Com patrocínio da Natura, a exposição tem o mesmo nome de um poema do irmão de Bethânia, Mabel Veloso. O projeto surgiu do voluntariado de amigos e fãs famosos ou anônimos dela, reunidos pela produtora Ana Basbaum. Todos contribuíram com obras inspiradas no universo da artista.
“O intuito não era o elogio à artista”, conta Bia Lessa, “mas os ecos e as inspirações que brotam a partir de seu trabalho. Espontaneamente foram se juntando obras, ideias, artistas e admiradores e a exposição foi sendo concebida a partir desses estímulos. Não há propriamente uma curadoria, há objetos, obras de arte, fotografias, textos, poemas – em comum o fato de estarem expostas por terem sido, todos, um ato de criação, um esforço pessoal e um desejo de participar dessa ‘cerimônia’ de comemoração aos 50 anos de carreira de Bethânia. Comemorar a artista é também comemorar o desejo da construção e a valorização de um Brasil mais genuíno e ético. Cá estamos, todos, nessa construção coletiva – utópica”.
A lista de artistas que têm obras na mostra é imensa (colocar o nome de todos aqui seria inviável). Entre eles estão Adenor Gondim, Alexandre Sá, André da Marinheira, Batman Zavareze, Barbara Almeida, Bruno Big, Bruno Veiga, Cafi, Calasans Neto, Carlos Bracher, Chica Granchi, Chico Cunha, Chicô Gouvêa, Chiquta, Maria Pace Chiavari, Matizes Dumont (Grupo composto de Antônia, Ângela, Martha, Marilu, Sávia e Demóstenes), Maurício de Sousa, Mirabeau Sampaio, Menote Cordeiro, Miguel Paiva, Moreno Veloso, Nina Basbaum, Oziel, Paulinho Moska, Rodrigo Velloso, Ronaldo Macedo, Rute Casoy, Samanta Alves, Samy Ferreira Chagas, Tatti Moreno, Thereza Eugênia, Thomaz Azulay, Valentina Muabsab, Vicente de Mello, Ziraldo e Zé Andrade.
Tudo para contemplar Bethânia, com tudo o que ela gosta
Os números do evento também impressionam, dando a dimensão do tamanho do projeto. 980 fotografias, 302 obras e 120 objetos de 160 artistas e fotógrafos, distribuídos por 12 salas, contando 50 anos de carreira. Na sacada e ao redor do prédio, instalação com tecidos com frases de poetas que foram importantes na formação de Maria Bethânia, como Fernando Pessoa, Clarisse Lispector, Patativa do Assaré, Padre Antônio Vieira, Sophia de Mello Brahner, uma vez que Bethânia ama a literatura. A região da Praça XV vai respirar Bethânia nas próximas semanas.
Na produção, algo que agrada a conhecida Abelha Rainha da mesma forma: a natureza, que foi levada até lá por meio de madeira, água, terra, ferro, pedra e, por fim, o mato, através de fardos de feno utilizados na construção das paredes cenográficas e nas bases que darão suporte às obras – ao todo 1.100 fardos. 22.0000 sacos com água, 500 sacos de terra, 636 paralelepípedos e 98 sacos de 1.000 litros de serragem integram as composições, que ocupam todo o primeiro andar do Paço Imperial, inclusive as áreas de acesso e corredores de serviço.
Trabalhos inéditos de Maria Bethânia (entalhes em madeiras, alguns cadernos de trabalho, base de suas criações, o camarim de palco utilizado em todas as suas apresentações) farão a alegria de quem for prestigiar. O sincretismo religioso, muito presente em sua obra, além de objetos, joias, móveis, e perfumes; arte popular e imagens públicas, enviadas por fotógrafos e fãs, e pessoais da cantora completam o repertório.
A programação da mostra complementa a festa com saraus aos sábados e domingos, às 16hs, com lotação de 80 pessoas (senhas no local a partir das 13hs) com os músicos Egberto Gismonti, Moreno Veloso,Pedro Sá, Jorge Mautner, Rubinho Jacobina, Tira Poeira, Ivor Lancelloti, Jaime Além, Andre Mehmari e Banda Afro Cultural Ojuobáaxé. Haverá também uma mostra de filmes e vídeos e DVDs de Maria Bethânia, todos os dias das 13hs às 17hs (senhas no local), entre eles “Quando o Carnaval Chegar” (1972, Cacá Diegues), “Bethânia Bem de Perto” (1976, David Neves, Eduardo Escorel e Júlio Bressane), “Doces Bárbaros” (1976, Tom Azulay), “Brasileirinho” (2004, André Horta) e “(O Vento lá Fora)” (2014, Márcio Debellian). Bethânia ganha uma grande celebração por estar na vida e nas emoções de muitos brasileiros.
“Maria de Todos Nós”, em homenagem aos 50 anos de carreira de Maria Bethânia
Período: 3 de julho a 13 de setembro
Horários: de terça a domingo, das 12 às 18h
Local: Paço Imperial – Praça XV de Novembro, 48, Centro/RJ- Tel: (21) 2533-4359