A animação ‘Por Que Vivemos’, dirigida por Hideaki Ôba, estreará em 23 de novembro em 12 cidades brasileiras. O filme, baseado no livro best-seller de mesmo nome, conta a história de transformação de um camponês japonês do século 15, abordando temas filosóficos e existenciais. A estreia no Brasil será a primeira exibição internacional do longa-metragem, que permaneceu 29 semanas em cartaz no Japão. O filme mistura ação com reflexões sobre a vida, a morte e o sofrimento, alinhando-se com os princípios do budismo, religião e filosofia que orientam a trama.

A inspiração e a adaptação do livro
O longa-metragem é inspirado no livro ‘Por Que Vivemos’, que vendeu mais de 1 milhão de cópias no Japão. O autor do livro, Kentetsu Takamori, é também um dos roteiristas da animação e professor de budismo da Terra Pura. A obra é uma adaptação dos ensinamentos de Mestre Rennyo, que viveu no Japão no século 15 e foi um dos principais responsáveis pela popularização do budismo no país. Além de Takamori, o roteirista trabalhou com Hideaki Ôba, que já colaborou com o renomado Hayao Miyazaki, do Studio Ghibli.
A história de Ryoken e Mestre Rennyo
A trama gira em torno do camponês Ryoken, um homem revoltado que, após perder sua esposa em um trágico acidente, encontra consolo nos ensinamentos de Mestre Rennyo. Ambientada no Japão medieval, durante o período de guerras civis que envolveram vários clãs, a animação retrata o sofrimento e a busca por respostas espirituais do protagonista.
A história não se limita à trajetória de Ryoken, mas também se dedica a contar a vida de Mestre Rennyo, discípulo de Shinran Shonin, o fundador da Escola da Verdadeira Terra Pura (Jodo Shinshu), vertente budista que possui o maior número de adeptos no Japão atualmente. O filme explora o exílio de Rennyo e sua luta contra os monges guerreiros do Monte Hiei, que o perseguiram após ele ser acusado de heresia. Rennyo foi forçado a se refugiar em Yoshizaki, onde construiu um complexo de templos, que foi destruído em um incêndio criminoso em 1474.
A reflexão filosófica no centro da animação
O filme propõe uma reflexão profunda sobre os valores do budismo, abordando questões existenciais como o sofrimento, a felicidade, a vida e a morte. Uma das mensagens centrais transmitidas por Mestre Rennyo é a ideia de que “por maior que seja o sofrimento, existe um propósito na vida”, destacando a importância de compreender a essência da vida para alcançar a verdadeira paz interior.
O filme também explora conceitos como desapego e escolhas, refletindo sobre como essas questões afetam as pessoas e como o budismo pode ser uma resposta a tais dilemas. A animação convida o público a refletir sobre a vida de uma maneira filosófica, sem apelar para respostas simples, buscando sempre uma compreensão mais profunda da existência humana.
O sucesso no Japão e a estreia internacional
‘Por Que Vivemos’ foi um grande sucesso no Japão, onde ficou em cartaz por 29 semanas. A animação foi bem recebida tanto pelo público quanto pela crítica, o que gerou grande expectativa para a estreia internacional. O Brasil será o primeiro país a exibir o filme fora do Japão, permitindo que o público brasileiro tenha contato com a obra que mistura filosofia budista com uma narrativa rica em história e drama.
A animação foi bem recebida por seu equilíbrio entre ação e reflexão filosófica. As cenas de perseguições e confrontos são apenas o pano de fundo para questões mais profundas sobre a vida e o propósito humano. A introdução do budismo como elemento central da trama proporciona uma perspectiva única sobre questões universais, como o sofrimento e a busca por significado.
O impacto cultural e espiritual
A estreia de ‘Por Que Vivemos’ no Brasil também traz à tona a influência cultural do Japão no cenário mundial. O filme não apenas apresenta uma parte significativa da história do país, mas também compartilha uma filosofia que pode ressoar com muitas pessoas ao redor do mundo. O budismo, com sua ênfase no entendimento da vida e na aceitação do sofrimento como parte da existência, é um tema universal que pode ser explorado de diversas formas, e a animação faz isso com maestria.
Além disso, a adaptação cinematográfica do livro de Kentetsu Takamori traz um novo olhar sobre um dos momentos mais importantes da história do Japão. Ao focar na vida de Mestre Rennyo e sua contribuição para a disseminação do budismo, o filme apresenta uma figura histórica fundamental que, apesar de sua relevância, é muitas vezes desconhecida fora do Japão.
A importância da animação no cenário global
‘Por Que Vivemos’ também é um reflexo da crescente aceitação das animações como uma forma de contar histórias profundas e significativas. Cada vez mais, as animações são vistas não apenas como um gênero voltado para o público infantil, mas como uma mídia capaz de explorar questões complexas e filosóficas. O trabalho de Hideaki Ôba em parceria com Kentetsu Takamori e a riqueza de temas explorados na animação são exemplos do potencial que o formato oferece para transmitir mensagens universais de maneira acessível.
O filme também marca uma importante colaboração entre a indústria cinematográfica japonesa e o público internacional. A escolha do Brasil para a primeira exibição fora do Japão é um indicativo do crescente interesse por produções japonesas no cenário global, especialmente aquelas que abordam questões culturais e espirituais de maneira profunda e envolvente.





































