Crítica: ‘Minions’

Criaturas amarelas unicelulares, existentes desde a Pré-História, os Minions têm uma única missão: servir os maiores vilões. Muito tristes sem um mestre, eles trabalham arduamente para achar um novo chefe. Três deles, Kevin, Stuart e Bob (os protagonistas – cada um com sua personalidade), vão até uma convenção de vilões nos Estados Unidos e lá se encantam com Scarlet Overkill, que sonha, entre outras coisas, ser a primeira mulher a dominar o mundo.

As criaturas amarelas tão presentes nas redes sociais e no mundo ganharam seu próprio filme. “Minions” (no original “The Minions”) estreia nesta quinta-feira, 25 de junho, no Brasil e se passa 42 anos dos acontecimentos dos filmes “Meu Malvado Favorito” (1 e 2, de 2010 e 2013, respectivamente), dos quais saíram os protagonistas da obra em questão.

Tudo começa ao som de “Happy Together“, dos The Turtles, de 1967. O tema da música, inclusive, define bem os Minions: atrapalhados, engraçados, sem serem forçados. Tudo os diverte e os alegra. Eles são mesmos felizes juntos. Uma técnica, usada no início sabiamente, logo envolve o expectador. Um narrador em off (Malta Júnior) conta a história inicial, desde quando eles eram microscópios seres e viviam juntos aos primeiros animais que habitaram os mares, depois quando foram para terra e passaram a existir como bípedes. E a partir daí, já tinha início seu reinado de “terror” na incessante busca por um mestre.

Eles passam pelo Egito, por guerras históricas, até se instalarem em uma caverna em um ambiente polar. Mas a falta de um vilão os deixava triste. Kevin, Stuart e Bob, então, saem pelo mundo, com a promessa de trazer um líder para que todos pudessem adorar. Assim, segue a aventura deles pelo mundo, literalmente.

Essa questão de incluí-los cronologicamente na história mundial, ao longo de grandes acontecimentos, pode ser apontado como uma tentativa de mostrar que os Minions são tão legais e comuns (eles até entram em depressão, sabia?) que estão no planeta há milhares de anos e dominaram tudo (mesmo). Tipo, você não tem para onde fugir do sucesso deles. Só a página do Facebook do filme tem mais de 30 milhões de likes, para se ter uma noção.

É incrível como não se entende de forma clara o que os amarelinhos falam, mas, ao mesmo tempo, consegue se saber claramente o que eles querem dizer. Os espectadores terão a mesma impressão, visto que eles são bem tagarelas. Poliglotas de natureza, eles usam palavras em inglês, espanhol, italiano, francês e naquela língua, chamada pelos diretores Pierre Coffin e Chris Renauld  de “Minionese”. Eles são dublados aqui por Guilherme Briggs. e no original, por um dos diretores do longa, Pierre Coffin.

Algumas questões que merecem destaque

A ação mesmo acontece em 1967 e sua primeira parte se passa em Nova York, no auge da era hippie (as referências no filme são grandes) e depois Orlando, onde os amarelos participam da Expo Vilão e conhecem Scarlet Overkill. A segunda etapa se passa na Inglaterra. No enredo,  cabem críticas aos modos de vida americano e ao sistema monarquial inglês (uma das grandes partes do filme). Ponto positivo para Adriana Esteves dublando Scarlet – inspirada em Jackie Kennedy Onassis – , uma vilã elegante e pedante, que muda este mesmo estado em um estalar de dedos. A voz da atriz casou de modo exato com todos os histerismos da personagem. A de seu marido, o ator Vladimir Brichta, mal dá para ser notada no personagem Herb, esposo de Scarlet.

A trilha instrumental dá toques especiais em momentos importantes. E as músicas têm grande ligação com o momento histórico, trazendo até Beatles para a obra. Alguns pontos são interessantes de serem analisados. É diferente ver o mundo pelos olhos do Minions, com toda sua inocência e jeito desajeitado. Estranho vê-los como vilões, mas é o que eles são., e acabam sendo também como os ajudantes do filme “Os Incríveis” (2004). Mas neste caso, da sua história, são os coadjuvantes do mal que se tornam os protagonistas e voltam a serem os ajudantes, sem que isso afete em nada o enredo. E os pequenos têm muito a ensinar, por incrível que pareça. São esforçados, focados (pelo menos tentam), resilientes e não desistem.

Apesar de parecer visivelmente um filme infantil, “Minions” vai além. Um exemplo disto que as crianças não vão entender de forma clara as referências gerais relacionadas à cultura britânica, fatos históricos, outros desenhos e até bandas famosas. Isso faz da obra algo também muito direcionada aos adultos, que, da mesma forma, vão se divertir. Mesmo tendo os velhos clichês de vilões, isso não faz diferença no conjunto do filme em si. Atenção às cenas que aparecem juntos aos créditos, pois elas retornam a historia ao ponto original. Nada foi mexido ou alterado. E ainda há fôlego para ver as doideiras deles de novo. Os Minions entraram mesmo para o hall dos grandes desenhos do cinema.

Assista aos trailers do filme:

“Minions”

Diretor: Pierre Coffin e Kyle Balda
Gênero: Animação – Comédia – Família
País: Estados Unidos
Ano: 2015
Duração: 123min
Roteiro: Brian Lynch
Distribuidor: Universal Pictures

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