O cineasta Cristiano Souza vem conquistando o público em apenas dois anos em produções de cinema feitos de forma totalmente independentes. São mais de 30 festivais nacionais e internacionais, onde o goiano diz ter muito orgulho dos curta-metragens conquistados sem qualquer tipo de apoio financeiro ou de grandes equipes. Em conversa com o Almanaque da Cultura, Cristiano Souza falou sobre a pornochanchada “Maria Helena – A Mulher de Todos“, do qual é diretor.
Almanaque da Cultura: Como se deu seu envolvimento com o cinema?
Cristiano Souza: Mesmo com muitos anos de formação em Artes Visuais, só há dois anos resolvi começar a produzir. Hoje já filmamos cerca de 15 curtas-metragens. Tudo começou como um aprendizado diário. A paixão e a vontade de produzir foram maiores que qualquer necessidade, e já a partir do meu primeiro curta realizado, de forma despretensiosa, fui premiado com um troféu de melhor direção em um grande Festival Nacional. A partir daí constatei que este é o caminho que devo seguir, já que nesta vida o que vale é fazer o que se gosta e o que faz bem.
Almanaque da Cultura: Atualmente você acaba de filmar no Rio de Janeiro a pornochanchada “Maria Helena – A Mulher de Todos”. De onde surgiu esta ideia de filmar algo que mexeu com o imaginário do povo Brasileiro durante as décadas de 60 e 70?
Cristiano Souza: O filme conta a história da personagem homônima desejada por todos, mas que não é livre, pois é explorada por seu parceiro, o Marcelão. Ele quer que ela brilhe nos filmes adultos e então, ela descontente, decide abandonar tudo em busca do amor verdadeiro. Fui inspirado no filme “A Mulher de Todos”, de 1969, dirigido por Rogério Sganzerla, que é mais relacionado à questão estética e da liberdade feminina, do que pela pornochanchada.
Almanaque da Cultura: O que se pretende com sua nova produção?
Cristiano Souza: Quero mostrar que a sexualidade e a atração independem de padrões estéticos, que a beleza e a simpatia da Maria Helena são maiores do que qualquer julgamento ou preconceito. Queríamos algo divertido e colorido, que explorasse o potencial da personagem. Para isso, convidei o famoso performer João Carlos Castanha, que já era o dono da personagem (Maria Helena) em shows pela noite e todo o Brasil. Muito conhecido por seu humor ácido e inteligente.
Almanaque da Cultura: Como foi a escolha do elenco?
Cristiano Souza: Além do Castanha, que eu tive o prazer de conhecer através do Filme Castanha – O filme do diretor Davi Pretto, no Rio Festival Gay de Cinema, chamei amigos com quem eu já queria filmar e os nos papéis, falei da minha visão sobre a Maria Helena e todos toparam, mesmo com um orçamento curto aproveitar o momento. Todos amantes da personagem título na história.
Almanaque da Cultura: Como você analisa o fato de seus filmes estarem sendo grandemente aceitos em Festival Cult fora do Brasil, como Portugal, Espanha, frança e Estados Unidos, até mais que aqui em seu próprio país?
Cristiano Souza: O cinema nacional é muito restrito, principalmente em regiões como o centro oeste, onde resido. Acredito que no exterior, se leva em conta mais a ousadia e o quesito pioneirismo do que a parte técnica das produções, por isso, o exterior recebe muito bem os meus curtas metragens. Os curtas acabam sendo mais globalizados desde então.
Almanaque da Cultura: O que você espera de seu futuro como diretor para daqui há alguns anos no cinema nacional?
Cristiano Souza: A única coisa que espero e continuar realizando. Conseguir sobreviver do cinema unicamente. Seguir minha verdadeira paixão pelo audiovisual. O próximo passo são os recursos para produzir com mais tranquilidade os filmes. E um projeto futuro, que vou realizar, é um festival de cinema em Goiânia para curtas metragens realizados em 24 horas. a partir de um tema, o GO FILM – Goiânia Film Festival. O objetivo sempre, é contribuir para o entretenimento brasileiro levando os filmes para todo o mundo!
Confira o teaser de “Maria Helena – A Mulher de Todos”: