O longa “Infância”, de Domingos Oliveira, é baseado em um fato que marcou muito a infância do diretor: a morte de um animal de estimação (a cadela da família), ainda nos anos 50 e como a mãe e a avó do protagonista, representantes típicas da alta burguesia daqueles tempos, criam uma trama de mentiras para o jovem protagonista que sofre com a perda da cachorra.
Durante coletiva de imprensa do filme, Fernanda Montenegro estava feliz com o resultado. A atriz falava ao diretor: “Domingos, nosso filme tem crítica, mas não é panfletário! É uma joia”. A artista ainda explicou que, apesar de se passar nos anos 60, o longa também é extremamente atual por retratar um Brasil tão abandonado. “O filme aborda a história de uma família rica, de comerciantes, que tem uma estrutura de relacionamento típica da época, e que, de repente, vira um escarcéu”, destaca.
Quando questionada sobre os esforços necessários para a produção de bom conteúdo nacional nas telonas, a artista, que foi parceira do diretor em “Infância”, é enfática: “Falta ao cinema brasileiro se engajar em temáticas mais politizadas. Não estou dizendo que não se deve fazer entretenimento, mas nós, como atores, temos a arte como artificio na mão, é muito difícil produzir no Brasil hoje. Quem faz cinema sabe disso. Hoje sai uma fortuna fazer arte, seja no teatro, seja no cinema, nas artes em geral. Então, esta é uma história clássica, existencial e política sim. Apoiei sim, porque precisamos discutir essas coisas”.
Mesmo apoiando o filme, a atriz explica que em relação ao processo criativo, o diretor é absoluto e que Domingos é um intuitivo e por isso ela se classifica apenas como uma peça de todo esse processo.