A Beija-Flor foi a escola campeã do Carnaval de 2015. A agremiação de Nilópolis foi a terceira a desfilar na noite deste domingo, 7 de fevereiro, contando a história do Marquês de Sapucaí. Cândido José de Araújo Viana, que nasceu em 1793 e faleceu em 1875, foi o figurão que deu nome à passarela do samba. Ele nasceu em Nova Lima, em Minas Gerais, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal, e foi um um importante político, além de poeta e compositor. Letrado, foi professor de D. Pedro II e de Princesa Isabel.
A atriz Claudia Raia desfilou como destaque de chão, na frente do carro que retratou a relação do mineiro com a realeza. O luxuoso desfile terminou com uma homenagem à Avenida Marquês de Sapucaí.
Além da digna homenagem à Sapucaí, os destaques da Beija-Flor ficaram por conta da comemoração de bodas entre os mestre-sala e a porta-bandeira, Claudinho e Selmynha Sorriso, que completaram 25 anos de parceria na Avenida, e a bateria, dos mestres Plínio e Rodney, que teve a companhia de músicos da Orquestra Maré do Amanhã.
A Porta-Bandeira Selmynha Sorriso é destaque na Beija-Flor (Foto: Fernando Grilli/ Riotur)Com alegorias que investiram em tecnologia, pôde-se ver desde asas articuladas por controle remoto até um drone com a missão de visualizar em tempo real a avenida e o andamento de seus componentes, tudo para que a agremiação não excedesse o tempo proposto. Belíssima inclusão de violinos na bateria que contou com 250 músicos a menos, para poder contar com instrumentos de corda e até mesmo frigideiras, dessas que usamos em casa para cozinhar, como percussão.
O que se viu na Avenida foi um ode ao tradicional, uma inspiração nos antigos desfiles vistos no sambódromo e que marcaram a história dos mais de 30 anos da Praça da Apoteose. Sem apelos, com muito tecido – mas não sem elegância, e com roupas que privilegiaram as curvas sem deixar entrever sequer alguma nudez a escola chamou atenção pela opulência e pelo tradicionalismo nos trajes. Sem apelos à cultura do corpo, nudez e nem a temas polêmicos a agremiação se mostrou fiel ao tema proposto, executando de forma perfeita e exatamente dentro do tempo proposto seu desfile.
O que incomodou foi o excesso da palheta de cor em tons dourados, presente em demasia tanto em alegorias quanto em trajes, talvez numa tentativa de imprimir riqueza e nobreza, temas que permearam a existência de Marquês de Sapucaí. De resto, a escola se mostrou fiel e cronologicamente respeitosa a biografia do Marquês que tanto fez, não só pela coroa portuguesa, como pela cultura brasileira.
Tema relevante, ineditismo e um desfile maduro e muito seguro. Somando 11 premiações desde a inauguração do sambódromo em 1981, a Beija-flor se mostrou uma forte candidata a manter o título herdado em 2015.
Confira o Samba-enredo:
“Mineirinho Genial! Nova Lima – Cidade Natal.
Marquês de Sapucaí – O Poeta Imortal!”
Autores: Marcelo Guimarães, Sidney de Pilares, Manolo, Jorginho Moreira, Kirraizinho e Diogo Rosa
Abriu-se a cortina do tempo
Emoldurando a história a Beija-Flor ôôô
De Nova Lima à poesia se fez
Na genialidade do marquês
Nasceu em Congonhas de Sabará
O mais puro ouro das Minas Gerais
Atravessou o mar, no afã de conquistar
Conhecimento em terras lusitanas
Brilhou aos olhos da lei,
Formou-se bacharel
Fiel à nação, enfim regressou
A saudade apertou
Ecoou um brado de resistência
Ao longe se ouviu a voz da Independência
Pelo Brasil, impera felicidade
Já raiou a liberdade
Um homem de real valor
Um vencedor na estrada da vida
Em seu legado a primasia
Na gratidão que herdaria
Poeta, músico, escritor
O mineirinho que o Rio imortalizou
Teu chão floresce a nobreza pro samba passar
Um templo sagrado a luz do luar
Apoteose de todo sambista
Artista! Herdeiro verdadeiro de Ciata
Que hoje te abraça aos pés da praça
Em mais um Carnaval
Sou Beija-Flor, na alegria ou na dor
A Deusa da Passarela é ela!
Primeira na história do Marquês
Que na Sapucaí é soberana
De fato, nilopolitana