Carnaval 2020: Enredo do Salgueiro conta história do primeiro palhaço negro do Brasil

A ideia de levar para o Sambódromo a história do primeiro palhaço negro do Brasil nasceu por acaso. Ou como afi rma Alex de Souza: “Ele estava pedindo pra vir, queria ser lembrado”, brinca.

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Não estava nos planos do carnavalesco dedicar um desfile a Benjamin de Oliveira. Sua biografia foi aparecendo aos poucos, numa pesquisa que buscava um tema inédito, interessante e que pudesse despertar a emoção dos componentes e do público.

A ideia inicial seria fazer uma homenagem à jornalista e escritora Clarice Lispector, cujo centenário será comemorado este ano. Depois passou para o Rio de Janeiro, Rei Momo e a ópera O Guarani. Foi nestas duas últimas opções que Benjamin surgiu, inesperadamente.

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“A primeira aparição de Momo no Rio de Janeiro foi numa festa criada por Benjamin de Oliveira. Era o Momo da mitologia grega, a personificação do sarcasmo; ainda não havia a imagem de soberano do Carnaval. Logo em seguida, descobri que “Beija” também fizera uma paródia sobre O Guarani, de Carlos Gomes. Aquilo mexeu comigo. Precisava conhecê-lo melhor.”

A decisão de consolidar a biografia do palhaço negro como enredo aconteceu quando Alex descobriu que em 2020 serão comemorados os 150 anos de nascimento do personagem. Outros pontos também contribuíram para a escolha: coincide com a tradição salgueirense de exaltar personalidades negras, pouco conhecidas do público; a Vermelho e Branco jamais fizera um enredo sobre o circo; e além de pioneiro, “Beija” era um artista completo. Atuou como ator, autor, diretor, dançarino, cantor, malabarista, equilibrista e palhaço. Foi o precursor do circo-teatro.

Era um homem de personalidade marcante, que jamais se deixou abater pelos preconceitos da sociedade. Ao contrário, “Beija” não tinha limites para brilhar, desde a pantomima mais pueril de um palhaço ao drama mais intenso de um personagem de Shakespeare.