O convidado de honra da segunda edição da Comic Con Experience no Brasil (CCXP), o desenhista Frank Miller, fez a alegria dos geeks em painel nessa sexta-feira, 4 de dezembro. Jeito fechado, respostas que causaram surpresa nos presentes, adiantamento de seu novo projeto chamado de “Sin City 1945” – que trata-se de uma história sobre um agente secreto americano que enfrentará nazistas – além de muitas lágrimas dos fãs foram os destaques deste tributo.
Miller falou de sua trajetória pessoal e profissional e respondeu as indagações feitas pelo apresentador do painel, Marcelo Hessel, do portal Omelete, com a rapidez de um chicote. Muitos “sim” e “não”, que deram um ar bem ágil. Revelou que não nunca viu o seriado de seu herói Demolidor, exibido pelo Netflix e que, caso Elektra, sua criação, apareça na TV, não será “ela”. “Eles podem fazer o que eles quiserem, chamarem do que quiserem. Eu sou o pai dela”.
Explicitamente contra adaptações para TV, ele animou-se a falar de cinema. “Apesar de minha relação com Hollywood ser problemática, eu adoro o cinema. Ainda acho o cinema o formato de história mais poderoso que existe. Estou ansioso para fazer outros filmes”, explica ele, responsável pelo roteiro dos segundos e terceiros filmes da franquia “Robocop“.
Marcelo Hassel perguntou a Frank o que ele achava do tom político que a HQ “300” tem e o desenhista mostrou, mais uma vez, seu lado sarcástico, porém, em tom de crítica, com discurso bem pausado. “De que tipo de política você está falando? Até onde sei, a única parte de política do ‘300’ tem a ver com um grupo pequeno de homens, que está combatendo um monstro totalitário que está conquistando o mundo. Não sei como se pode achar que isso é uma coisa política se é comparável a uma força gigante e maléfica que quer dominar o mundo e que seria parado por um grupo pequeno”.
Memórias, heróis e fãs
Frank lembrou-se de que sua mãe dizia ter ele cinco anos quando declarou queria desenhar o resto da vida. “Eu aprendi a desenhar com pessoas que sabiam. Tentei fazer faculdade de Artes, mas não tive paciência. Achava que teria um bico e me tornei um dos primeiros da minha geração a ganhar dinheiro com isso. Passei anos fazendo bico que os desenhistas me davam, meu preço mais barato eram 20 dólares a página”, contou.
“Acho Batman, sem dúvidas, uma das minhas melhores obras, a mais bem-sucedida e sou muito jovem para ter uma obra prima”, ironizou o norte-americano de 57 anos. “Superman é bom, ele tem problemas e a gente precisa de um cara que represente o nosso melhor. Sempre gostei do Batman, porque ele é malvado”. Aliás, o filho de Krypton e o Cavaleiro das Trevas permearam algumas dúvidas mostradas a ele.
O desenhista demonstrou estar mais à vontade com as perguntas feitas pelos fãs. Um lhe questionou o quão importante para a cultura que exista a presença de um Superman e de um Batman. Prontamente ouviu: “Essa é minha pergunta preferida!”, sendo calorosamente aplaudido.
O perfil sisudo e sucinto de Frank deu lugar a uma postura acalentadora quando um fã lhe avisou ter vindo de longe só para agradecê-lo. E quando Caio Fochetto embargou a voz ao narrar que Miller foi o causador do seu vício em HQs ao comprar em 1999 o primeiro volume de “300”, que ele carregava. O admirador pediu para que ele autografasse e o ilustrador foi até ele, para espanto geral, assinou o volume, e até aceitou tirar uma selfie. Frank não é tão sério quanto Batman. Está mais para o bom coração de Superman.