A Favela do Haiti, localizada na zona sudeste de São Paulo, comemora dois anos de implantação do projeto “Favela 3D” (Digna, Digital e Desenvolvida). A iniciativa da ONG Gerando Falcões, com apoio do festival The Town e outros parceiros, gerou mudanças importantes em áreas como habitação, educação, geração de renda, meio ambiente e cultura. Desde o início, 290 famílias passaram a viver uma nova realidade.

Comunidade adota energia solar e alcança pleno emprego

A comunidade deu um passo inédito ao utilizar energia solar para iluminar suas vias públicas. O projeto, que envolveu moradores por meio de um curso específico, instalou dez placas fotovoltaicas. Esses equipamentos também abastecem a sede comunitária. Com isso, a Favela do Haiti se tornou a primeira comunidade do programa ‘Favela 3D’ em São Paulo a adotar essa tecnologia.

Além disso, no primeiro ano, os moradores alcançaram o pleno emprego. A infraestrutura passou por melhorias com a instalação de redes de água potável, esgoto e água pluvial. Cada residência passou a ter seu próprio medidor de consumo. Dessa forma, todas as casas da região obtiveram acesso contínuo ao saneamento básico.

Energia solar marca nova fase do projeto 'Favela 3D' em SP (Foto: Divulgação)
Energia solar marca nova fase do projeto ‘Favela 3D’ em SP (Foto: Divulgação)

Educação e cultura envolvem todas as faixas etárias

O projeto garantiu a matrícula de todas as crianças e adolescentes em idade escolar. Para viabilizar o acesso, a comunidade passou a contar com o programa Transporte Escolar Gratuito (TEG). Também foram firmadas parcerias para oferecer reforço escolar, como com a Kátia Kids e a Fundação Francesconi.

Ao mesmo tempo, adultos tiveram acesso a programas de alfabetização. As atividades culturais e esportivas ocorrem no Polo Esportivo e Cultural Vozes das Periferias. A combinação dessas ações fortalece o desenvolvimento social da região.

“Todos os festivais da Rock World levam em seu DNA a busca por um mundo melhor. O projeto Favela 3D na Favela do Haiti é um marco importante para nós quando o assunto é transformar vidas”, afirmou Roberta Medina, Vice-Presidente Executiva da Rock World. “Em dois anos, a comunidade alcançou a empregabilidade total, 100% das famílias com acesso a saneamento básico, todas as crianças matriculadas na escola e demos mais um passo grande com as placas de luz solar.”

Instituto Haiti 3D assume protagonismo da comunidade

A população local fundou o Instituto Haiti 3D com o objetivo de assumir a liderança da própria transformação. Cursos de capacitação profissional, como o Jovem Falcão, ajudaram os moradores a conquistar emprego formal. Além disso, ações voltadas ao empreendedorismo estimularam a geração de renda.

Com o Instituto, a Favela do Haiti passou a desenvolver projetos com mais autonomia. A horta comunitária Haiti se consolidou como exemplo de produção coletiva. Já a Praça Chicão oferece espaço de lazer e convivência, com palco, deck, brinquedos e paisagismo.

“Nossa comunidade prosperou muito nestes dois anos do Favela 3D Haiti”, declarou Lucas Assunção, presidente do Instituto Haiti 3D. “Agora nós vamos seguir em diante levando o legado que foi construído com inúmeras mãos da comunidade, dos parceiros, do Vozes das Periferias e da Gerando Falcões.”

Atendimento individual define metas para cada família

O Programa Decolagem ofereceu apoio direcionado às famílias da Favela do Haiti. Mentores realizaram visitas, organizaram rodas de conversa e aplicaram o acompanhamento familiar. Dessa forma, cada núcleo familiar estabeleceu metas para superar a pobreza.

Edu Lyra, fundador e CEO da Gerando Falcões, destacou o envolvimento direto da população nos processos: “O grande diferencial das metodologias criadas pela Gerando Falcões, Favela 3D e Decolagem, é que temos como preceito básico envolver a comunidade. Não criamos nada para eles, e sim com eles.”

Intervenções urbanas reconfiguram a infraestrutura local

O projeto promoveu reformas em residências e construiu sobrados sustentáveis. Equipes pavimentaram vielas, instalaram sistemas de escoamento de água e reforçaram estruturas metálicas. Além disso, o bairro ganhou iluminação pública e painéis de grafite com visual em 360 graus.

Enquanto isso, os líderes comunitários participaram de encontros da Rede Favela. A capacitação incluiu temas como gestão financeira, administração e resolução de conflitos. Com isso, a população local se qualificou para manter os avanços estruturais e sociais no futuro.

Saúde e bem-estar ganham atenção com rede de apoio

O atendimento à saúde integrou o plano de desenvolvimento do projeto. A população da Favela do Haiti passou a contar com acesso à rede médica da região. Além disso, foram realizadas ações de prevenção, cuidados psicológicos e suporte social.

Essas iniciativas buscam garantir condições básicas de qualidade de vida para todos os moradores. A estratégia considera o bem-estar como parte essencial da dignidade humana.

Vitor Hugo Neia, Diretor-geral da Fundação Grupo Volkswagen, afirmou: “O projeto Favela 3D na Favela do Haiti é um exemplo inspirador de como a mobilidade social pode se tornar realidade quando comunidades são colocadas no centro da solução.”

Ações em rede impulsionam resultados com apoio coletivo

As mudanças só foram possíveis devido à colaboração entre poder público, empresas e sociedade civil. Entre os principais apoiadores estão The Town, Vozes das Periferias, Gerdau, Fundação Grupo Volkswagen e Prefeitura de São Paulo.

“Estamos muito felizes em ver que a união entre os parceiros deste projeto impactou de forma transversal e positiva a vida de inúmeras famílias na Favela do Haiti”, disse Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. “Essa parceria possibilitou a construção de um novo futuro por meio de um projeto transformador.”

Festival The Town amplia atuação social com impacto direto

A primeira edição do festival The Town aconteceu em setembro de 2023. Com todos os ingressos esgotados, o evento atraiu meio milhão de pessoas em cinco dias. A realização gerou R$ 1,9 bilhão em impacto econômico e criou mais de 23 mil empregos.

Ao apoiar o projeto ‘Favela 3D’, o festival reforçou seu pilar de sustentabilidade social. A organização pretende manter esse foco na edição de 2025, que ocorrerá nos dias 6, 7, 12, 13 e 14 de setembro, no Autódromo de Interlagos.

O evento também utilizou 472 mil copos reutilizáveis e evitou a geração de dez toneladas de resíduos. Com isso, consolidou-se como um dos maiores festivais culturais e sociais do Brasil.

Plataforma ‘Por Um Mundo Melhor’ orienta iniciativas sustentáveis

A Rock World, empresa responsável pelos festivais Rock in Rio e The Town, criou a plataforma “Por Um Mundo Melhor” em 2001. Desde então, promove ações sociais e ambientais em diversos países. O projeto Amazonia Live, por exemplo, já plantou mais de quatro milhões de árvores.

Além disso, a organização construiu uma escola na Tanzânia, instalou painéis solares em escolas públicas em Portugal e apoiou centros de saúde no Brasil. Essas iniciativas seguem diretrizes de sustentabilidade com metas até 2030.

Com base nesses pilares, o The Town ampliou seu impacto positivo para além da música, fortalecendo a transformação de territórios vulneráveis como a Favela do Haiti.