O desenhista Will Conrad esteve na 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro no sábado, 5 de setembro, e mostrou um pouco da sua familiaridade com o mundo dos super-heróis. Ele participou de um bate-papo no Auditório Madureira e autografou os livros da série Marvel que a editora Novo Século levou para o evento.

Algumas das obras disponíveis durante a Bienal ganharam ilustrações para a capa feitas pelo próprio. Mineiro de Belo Horizonte, calmo e simpático, ele fez questão de, não só autografar, mas fazer uma imagem exclusiva em cada um dos livros que lhe era apresentado. Will desenha desde 2011 especificamente para o mercado americano e trabalha com ilustração há cerca de 20 anos (o ano exato ele disse não se lembrar), passando por editoras como Marvel, DC, TopCow, Dark Horse, entre outras.

Ele listou dos heróis e séries que desenhou: “Buffy – The Vampire Slayer”, “Angel & Faith”, “Conan”, “Elektra”, “Wolverine”, “X-Men”, “Homem-Aranha”, “Vingadores”, “Capitão América”, “Homem de Ferro”, “X-23”, “Green Latern”, “Batman”, “Asa Noturna”. Will conversou com o Almanaque da Cultura sobre seu processo de trabalho.

Will Conrad desenhando o Homem de Ferro em um dos livros (Foto: Catiane Santos/Editora Novo Século/Reprodução)

Almanaque da Cultura: Como você faz para manter as características dos personagens que desenha e mesmo assim colocar sua marca?
Will Conrad: Quando desenho títulos como “Wolverine” e esse tipo de super-heróis, temos um pouco de liberdade para manter as características do nosso próprio estilo, desde que nós consigamos acompanhar o design do personagem. Quando uma editora grande contrata um desenhista, a primeira coisa que eles pedem é que se faça um estudo para ver que como ele vai se encaixar dentro do nosso estilo. Dentro dessa flexibilidade, trabalhamos dentro do nosso próprio estilo, mas temos de seguir as características especificas de cada personagem. Quando eu faço trabalhos em que você usa referência fotográfica, como o que estou fazendo com o Joss Whedon, em “Angel e Faih”, os personagens são baseados em atores, pessoais reais. Aí é uma complicação, tem de passar pela aprovação do estúdio e até dos próprios atores.

Almanaque da Cultura: Tem alguma história que você gostaria de ter desenhado?
Will Conrad: Tem muitas. Algumas do Conan, aquela do Batman em que o Bane quebra ele no meio, teria feito um trabalho bem diferente do que o cara fez. A morte do Super Homem seria legal ter trabalhado. Por exemplo, eu sou muito fã de “Guerra nas Estrelas”, que está sendo relançado agora. Vamos ver se tenho alguma chance de desenhar.

Almanaque da Cultura: Como é seu processo de trabalho? Você desenha no papel ou mesa digital?
Will Conrad: Alguma coisa eu faço digital e eu tenho fazer o máximo que posso no papel ainda. Muitas vezes, por questão de prazo, acabo tendo de fazer muita coisa digital. O layout eu faço todo digital, faço a tinta no papel e a colorização é toda feita no computador.

Will Conrad na Bienal do Livro (Foto: Catiane Santos/Divulgação)

Almanaque da Cultura: Você sonha em trabalhar para algum roteirista em especial?
Will Conrad: Eu já trabalhei com alguns dos que eu gosto, alguns de cinema e alguns de quadrinhos. Eu fui muito feliz com os roteiristas que eu trabalhei até hoje. Josh Whedon, Stan Lee, Brian Brendis. O cara mesmo eu queria ter trabalhado já morreu, que foi o Will Eisner. Infelizmente só quando eu chegar no céu.

Almanaque da Cultura: Qual seu herói favorito?
Will Conrad: Eu gosto dos personagens mais humanos. Gosto do Super-Homem, mas aqueles que mais gosto são os que têm possibilidade de morrer, tem problemas humanos. Gosto muito do Aranha, Conan. O Conan é um dos que eu mais gosto. Gosto do Batman, Wolverine. Gosto dos que são fora da linha dos “bonzinhos” demais. Não tem um específico, tem momentos. Cada personagem tem seu momento que eu gosto mais. Se eu for falar um, é o Conan, pois fez parte da minha adolescência.