A coleção “O Livro do Disco” surge para cumprir uma lacuna no mercado editorial brasileiro que é a de livros sobre grandes discos. Com um formato abrangente, estes textos circulam livremente pelo universo sonoro de cada um dos artistas e pelos bastidores das canções ali reunidas. Pesquisas, entrevistas, reportagens e ensaios são alguns dos ingredientes que dão liga à coleção “O Livro do Disco”, que a Editora Cobogó lança em dezembro.
Para a editora, o primeiro passo foi escolher os álbuns. Os discos estrangeiros são originários da coleção “33 e 1/3”, da editora americana Bloomsbury, que publicou mais de 100 livros sobre som e música. Os de artistas brasileiros foram escritos para a coleção da Cobogó. “Decidimos traduzir títulos que são referência para nós e que de alguma maneira quebraram barreiras e definiram paradigmas”, explicam os organizadores. Cada livro da série é sobre um único disco, sempre tratando de álbuns emblemáticos, clássicos da música brasileira e internacional. Os discos escolhidos para publicação não são necessariamente os mais vendidos ou os de maior sucesso, mas são aqueles que marcaram época, fizeram história e, muitas vezes, mudaram os rumos da música e da cultura de seu tempo.
Com textos assinados por críticos, músicos, escritores, produtores, e pesquisadores, a coleção “O Livro do Disco” se constrói a partir da fascinação que esses discos produziram nos próprios autores dos textos. Assim, cada livro tem sua estrutura, e cada autor passeia livremente pelos temas que considera mais interessantes em relação ao disco escolhido, seja reconstituindo o processo de gravação das músicas, explorando o contexto histórico do momento de criação do álbum, pesquisando as consequências e heranças críticas do disco ou mesmo analisando as letras das canções.
Do rock ao eletrônico, do hip-hop à música experimental, nesta primeira leva de livros, a série reúne publicações sobre três discos internacionais e três nacionais: The Velvet Underground and Nico (1967), da banda The Velvet Underground; Daydream Nation (1988), do Sonic Youth; Endtroducing (1996), do DJ Shadow (Josh Davis); A tábua de esmeralda (1974), de Jorge Ben; Estudando o samba (1976), de Tom Zé; e LadoB LadoA (1999), d’O Rappa.
Para esta primeira leva, foram convidados o crítico e pesquisador Bernardo Oliveira, que escreve sobre o disco Estudando o samba (1976), de Tom Zé; o pesquisador Paulo da Costa e Silva, que escreve sobre o Jorge Ben dos anos 1960-70, tendo como epicentro o disco A Tábua de Esmeralda (1974); e o ensaísta e professor de literatura Frederico Coelho, que escreve sobre LadoB LadoA, d’O Rappa. Aficionado por música e grande pesquisador, Frederico Coelho é também organizador da coleção “O Livro do Disco” junto com o editor Mauro Gaspar. Já os livros dos álbuns internacionais foram escritos por Joe Harvard, que cuidou de The Velvet Underground And Nico, publicado em 2004; Eliot Wilder, com Endtroducing…, de 2005; e Matthew Stearns que escreveu sobre Daydream Nation, em 2007.