A cantora, atriz e dançarina Maria Odete Brito de Miranda, sempre foi uma figura polêmica. Artisticamente conhecida como a “Rainha do Rebolado”, Gretchen quebrou vários tabus e sempre chamou atenção da mídia e do público em geral por sua vida pessoal.
Pensando nisso, a dupla de autores Fábio Fabricio Fabretti e Gerson Couto acaba de lançar o livro “Gretchen – Uma Biografia Quase Não Autorizada“. Em entrevista ao Almanaque da Cultura, Fabretti ressaltou o caráter humano da mulher por trás do mito: “me surpreendi com a Maria Odete, filha rebelde, mãe dedicada, namorada ciumenta, esposa criteriosa. Seu passado de violência doméstica, sua luta para ser independente e virar artista em uma época machista e de censura”. Couto chama atenção para o pioneirismo da artista: “com suas coreografias e figurinos variados, ao mesmo tempo foi uma mulher que viveu o que teve vontade e com muita intensidade. Nada em sua vida foi mediano”.
Os autores ressaltam que agiram de forma assertiva ao escolher a cantora para ser biografada. Para Fábio, “Gretchen é uma figura altamente biográfica e sempre que aparecia nos noticiários, eu pensava: ela me renderia um bom livro”, mas revela que foi só a convite de Gerson que pensou em escrever outro livro, após terminar a biografia “Neusinha Brizola sem Mintchura”, sobre Neusa Brizola. O autor comenta: “não me contive quando Gerson me sugeriu de escrever sobre a Gretchen”. Couto ressalta que sempre acreditou em sua ideia: “escrevi esta biografia porque acredito em sua história. Jamais escreveria algo no qual não acreditasse, independentemente do gênero” e emendou: “acreditava que essa história era muito mais interessante e complexa do que a versão apresentada pela mídia”.
Entre as várias polemicas presentes no livro, não podia ficar de fora do livro a relação de Gretchen com sua filha transexual Thammy. Sobre esta passagem, Fabretti revela: “tem muita ligação de alma ali. São parceiras, mas que podem ser rivais algumas vezes. Toda relação de mãe e filha é cerceada de sintomas psicológicos e afetivos, bons e ruins” diz, e Couto instiga: “Quanto às questões e seu pensamento sobre todas as mudanças do filho, somente lendo o livro”.
Para concluir Fábio Fabrício Fabretti diz que sempre se envolve afetivamente no processo de criação de uma biografia, e desabafa: “Pensando bem eu não escolho as pessoas, mas elas é que aparecem na minha vida, querendo ser escritas”, e concluiu: ” Não tenho o menor interesse de perder meu tempo escrevendo sobre quem não quer ser lido” para Gerson Couto este “é livro surpreendente, polêmico por se tratar abertamente de várias questões que muitos jamais aceitariam imortalizar numa obra”, e finaliza “Uma história intensa e sincera que desnuda a trajetória artística de vida e profissional de uma mulher extremamente julgada, por bem ou por mal.”