
A novela ‘Vale Tudo‘, exibida pela TV Globo em 1988, continua sendo lembrada como uma das mais impactantes da história da teledramaturgia brasileira. Com um enredo recheado de mistério, suspense e drama, a trama conquistou os telespectadores não só pela história envolvente, mas também pelas curiosidades que a cercam. O Almanaque da Cultura listou cinco aspectos interessantes sobre a novela que marcaram época e continuam sendo debatidos até hoje.
1. O suspense no final: cinco versões para o último capítulo
Uma das maiores curiosidades sobre ‘Vale Tudo’ envolve o grande mistério do assassino de Odete Roitman. Para aumentar o suspense, os autores Aguinaldo Silva, e Leonor Bassères escreveram cinco versões diferentes para o último capítulo da novela. O elenco só teve acesso à versão final no momento da gravação da cena, o que manteve o segredo em absoluto sigilo até o último momento. O mistério sobre quem matou a vilã Odete Roitman (Beatriz Segall) dominou as conversas do país por semanas, com um suspense que se estendeu por 11 capítulos.
Para tornar o mistério ainda mais envolvente, a Globo organizou um concurso patrocinado por uma indústria alimentícia. Os telespectadores podiam participar e ganhar prêmios se adivinhassem corretamente o nome do assassino. A identidade do criminoso foi revelada no último capítulo, e a assassina foi Leila, interpretada por Cássia Kis. Essa escolha, no entanto, foi uma decisão de última hora. Segundo Aguinaldo Silva, a cena foi escrita de tal forma que muitos personagens poderiam ter sido o responsável pelo crime.
2. A autoria e a colaboração de Aguinaldo Silva
Embora muitos atribuam a autoria de ‘Vale Tudo’ a Gilberto Braga, a novela foi fruto de uma colaboração entre três grandes nomes da teledramaturgia brasileira: Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. É comum lembrar-se apenas de Braga como o criador da trama, mas ele mesmo faz questão de ressaltar a importância da colaboração dos outros dois autores. Aguinaldo Silva, por exemplo, era o responsável por elaborar as escaletas, que são os esboços detalhados do roteiro.
Essa parceria trouxe uma grande sinergia à novela, que se tornou um marco na história da televisão brasileira. O trabalho conjunto resultou em uma trama cheia de nuances e complexidade, abordando temas como corrupção, ambição e moralidade.
3. A ascensão de Odete Roitman como vilã
A personagem Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall, tornou-se uma das vilãs mais icônicas da história da teledramaturgia brasileira. Sua popularidade foi tão grande que, até hoje, é lembrada como um dos maiores exemplos de antagonista da TV. Odete foi responsável por muitos dos momentos mais tensos e marcantes da novela, com suas intrigas e manipulações. A personagem também marcou o retorno de Beatriz Segall à TV Globo, após cinco anos distante da emissora.
A última vez que Beatriz Segall havia atuado na Globo foi em ‘Champagne‘ (1983), onde interpretou Eunice. A volta de Segall ao papel de Odete foi um marco, pois a atriz deixou de interpretar personagens grã-finas para viver uma mulher de caráter duvidoso, o que gerou grande impacto na época.
4. O retorno de Pedro Paulo Rangel e a estreia de novos nomes
A novela também foi importante para outros atores, como Pedro Paulo Rangel. Sua participação em ‘Vale Tudo’ marcou seu retorno às novelas após uma longa pausa de dez anos, desde sua última participação em ‘O Pulo do Gato‘ (1988). Em ‘Vale Tudo’, Rangel interpretou o personagem Chiquinho, que se envolvia em várias tramas paralelas, proporcionando mais camadas à narrativa.
Além do retorno de veteranos, ‘Vale Tudo’ também foi uma plataforma para o lançamento de novos talentos. A novela marcou a estreia na Globo de atores como Marcello Novaes, Otavio Muller e Flávia Monteiro, que se tornaram grandes nomes da TV brasileira nos anos seguintes. Esses atores contribuíram para o sucesso da novela, trazendo novas energias e interpretações para a trama.
5. O sucesso internacional de ‘Vale Tudo’
Outro ponto interessante sobre ‘Vale Tudo’ foi o seu sucesso além das fronteiras brasileiras. A novela foi exibida em mais de 30 países, incluindo Alemanha, Angola, Bélgica, Canadá, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Itália, Peru, Polônia, Turquia e Venezuela. Esse sucesso internacional demonstrou a força da teledramaturgia brasileira e a universalidade dos temas abordados pela novela, como a corrupção, a moralidade e as relações familiares.
Além de sua exibição original, a novela foi reapresentada em diversos momentos. Em 1992, foi transmitida novamente pelo programa ‘Vale a Pena Ver de Novo’, e em 2002, a Globo e a Telemundo, braço hispânico da NBC, produziram um remake da trama, adaptado para o mercado internacional. O remake, intitulado ‘Vale Todo’, foi a primeira coprodução da Globo voltada exclusivamente para o mercado externo. A novela também foi reprisada em 2010 no Canal Viva, mantendo sua popularidade mesmo 22 anos após sua estreia.