“Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!”, romance contra o tráfico de armas, é a obra póstuma do prêmio Nobel José Saramago publicada nesta terça-feira em sua terra natal e que será lançado dia 1 e dia 27 de outubro na Espanha e no Brasil, respectivamente.
Pilar del Río, sua viúva e tradutora para o espanhol, explicou à Agência EFE que o livro de Saramago (1922-2010) é uma mensagem contra “a violência, a guerra e a barbárie” em um mundo no qual cada vez há mais presença de armas, tanto na Europa, como na América Latina e no Oriente Médio.
“Publicamos os textos como estavam”, acrescentou a jornalista espanhola, que sustentou que os capítulos deixados pelo escritor funcionam perfeitamente como um relato.
“Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!”, título extraído de um verso do dramaturgo português Gil Vicente, é um livro inacabado que o próprio autor começou no final de 2009 e deu sequência em fevereiro de 2010.
No entanto, quatro meses depois, Saramago morreu na Ilha de Lanzarote (as Canárias, Espanha) aos 87 anos.
A obra do primeiro e único escritor de língua portuguesa a conquistar o Prêmio Nobel de Literatura (1998) tem cerca de 130 páginas.
O texto, que mostra o absurdo no qual os humanos muitas vezes se envolvem, conta além disso com ilustrações do prêmio Nobel alemão Günter Grass e um posfácio do ensaísta e poeta espanhol Fernando Gómez Aguilera, um especialista na obra do literato português.
“Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!” indaga as contradições entre um homem obsessivo com as armas e uma mulher que as detesta.
Ambos, que são marido e mulher, vivem uma trama com outros personagens relacionados com o mundo das armas e sua indústria.
O livro será oficialmente apresentado em 2 de outubro em Lisboa.
Acima de tudo, o objetivo deste lançamento é fazer uma afirmação contra “a barbárie” e a guerra, disse Del Río.
Saramago, autor de romances como “Ensaio sobre a Cegueira” (1995) ou “O ano da morte de Ricardo Reis” (1984), promoveu também a Fundação José Saramago, criada em 2007 para assumir, tanto na letra como no espírito, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O escritor português nascido na aldeia de Azinhaga em 1922 editou sua primeira obra, “Terra do pecado”, em 1947, e cultivou também outros gêneros como o ensaio, os artigos e contos.