A escritora Valentine Cirano lançou o livro “Átina Blake e o Império de Cronos”, pela Laço Editora. A autora aborda na obra personagens da mitologia grega, como Zeus, mas também é responsável por criar algo que não existe na mitologia grega: Zeus sendo pai de uma mulher.
E é justamente esta mulher, que se chama Átina, que será a protagonista da história, pois ela entrará em uma aventura para salvar seu pai após ele ter sido expulso do Monte Olimpo por Hades e Cronos. Valentine conversou com o Almanaque da Cultura sobre seu trabalho mais recente e falou também sobre outros assuntos relacionados ao universo literário.
Capa do livro “Átina Blake e o Império de Cronos”Almanaque da Cultura: Qual é o assunto principal do livro “Átina Blake e o Império de Cronos”?
Valentine Cirano: Sempre gostei muito de mitologia grega e também sobre antigo Egito, Grécia e Roma. E hoje eu percebo uma tendência muito grande nos jovens sobre esse tema de leitura, mitologia e magia. E eu pensei que os personagens principais sobre História Grega são quase todos do sexo masculino, então eu pensei por que não colocar alguém do sexo feminino como personagem principal. Essa foi minha ideia: de fazer uma personagem mulher como filha de Zeus, pois na mitologia ele nunca teve uma menina. Ela descobre que é filha de Zeus aos quinze anos de idade, pois a mãe a escondeu e deu para outra pessoa cria-la, porque se Hades (irmão de Zeus) descobrisse onde ela estava ele poderia mata-la. Ou seja, ela foi criada sem saber que era filha de Zeus. Mas quando ela descobre isso, ela percebe que tem uma missão a cumprir, pois seu pai é expulso e tem os poderes roubados pelo seu irmão Hades e pelo pai Cronos que era um titã, sendo que os dois tomam conta do concelho dos deuses e expulsem Zeus do Monte Olimpo. Para salvar o pai, Átina acaba caindo na aventura sem querer, pois ela entrou no mundo de Hades juntamente com seus amigos e precisa combater muitas criaturas mitológicas, como Ciclopes.
Almanaque da Cultura: Qual foi o fator motivador para que a mitologia grega fosse o tema do teu livro?
Valentine Cirano: Eu sempre fui apaixonada por esse tema, desde pequena. Eu sempre pensei em escrever alguma coisa, mas não sabia como até o dia em que tive a ideia de uma jovem semi-deusa filha de Zeus. Mas eu pensei a história de um jeito e durante o tempo que eu escrevia, acabei sendo conduzida para outro ponto. Me apaixonei muito pela personagem da Átina Blake por ver muitas semelhanças comigo, por isso coloquei muito de mim nela. Meus medos, dúvidas, mas eu também coloquei a personagem de uma forma que ela sempre se preocupa com os amigos, pois eu tenho uma preocupação com as minhas amizades. E no livro ela ajuda muito um determinado amigo que é o Sátiro, pois ele tem muitos problemas de auto-estima e ela luta muito para que ele recupere essa característica. Na verdade, o livro é uma saga que eu pretendo continua-la.
Almanaque da Cultura: Já que o livro é voltado para um público mais jovem, você pretende concorrer com outros gêneros literários que também são voltados para esse público, como Harry Potter e Senhor dos Anéis?
Valentine Cirano: Bem, eu tenho um estilo e linguagens próprias. Acredito que todos esses gêneros, essas sagas, são maravilhosas. Quem me dera escrever como esses autores internacionais. Acho que um dia eu chego lá (risos). Mas quero criar uma nova concepção, porque hoje em dia livros de literatura fantástica aqui no Brasil não estão muito em alta, infelizmente. Ainda há muito preconceito com os autores nacionais desse gênero literário e, principalmente, por ser uma autora e não um autor, o que fica ainda mais difícil. Mas eu pretendo conquistar um público bom com a saga e quem sabe colocar o livro como um dos mais procurados de literatura fantástica?
Almanaque da Cultura: Comparando os dias atuais com a época do teu início profissional você percebeu um aumento do número de jovens leitores?
Valentine Cirano: Sim, o jovem está lendo mais e eu percebo isso nas feiras e bienais que eu participo. Eu vejo o público jovem lotar as feiras de livros. E não é um grupo que está passeando pela bienal não, são jovens carregando sacolas e mais sacolas de livros. Ainda não é uma maioria, é claro e eu espero que um dia aconteça isso, mas eu vejo que o jovem hoje tem lido mais do que há dez anos ou quinze anos. As minhas filhas são leitoras vorazes, elas foram na bienal no ano passado, voltaram cheias de livros, adoram passear em livrarias, elas pedem livros como presente de natal ou aniversário e isso me deixa muito feliz, porque o jovem que lê é o jovem que pensa, que se torna crítico e criativo. Sem a leitura ele não tem essa capacidade, ele fica muito limitado. A leitura abre os horizontes, abre a visão. Então é importante que os jovens leiam sim. E é bom ler de tudo, não apenas determinados gêneros, pois tudo acrescenta um pouco o conhecimento de uma pessoa.