As grandes escalas do mundo pop estão em festa. Madonna comemora 57 anos neste domingo, 16 de agosto, com uma forma física invejável, um fôlego em se reinventar que pouco se viu no cenário musical e muitas razões para comemorar. Ensaiando exaustivamente para a sua nova aventura, “Rebel Heart Tour” – como ela mesma tem mostrado em seu perfil do Instagram – , que começa em 9 de setembro, em Montreal, no Canadá, a artista segue sem precedentes no trono da era pop, sem ligar para críticas e obstáculos.
O vídeo de seu último single, “Bitch I’m Madonna”, está com quase 88 milhões de visualizações no YouTube, marca expressiva em tempos de efervescência virtual. Seus shows têm ingressos vendendo bem e mesmo que seu recente trabalho, “Rebel Heart”, não tenha sido o melhor em comercialização, quem disse que ela parece se importar?
Suas turnês sempre fizeram história por se tratarem de grandes produções com o que há de melhor em tecnologia. E ela sabe que é aí que ela ganha mais, por envolver todo um complexo de fatores que a colocam bem mais em evidência, como divulgação, o buzz que a mídia causa e, acima de tudo, toda a loucura que um show de Madonna causa nos fãs.
Mestre em mudar de estilo, ela já foi dominatrix, noiva, virgem, cowgirl, religiosa (ainda é), gueixa, zen, já queimou cruz em vídeo, já fez projeto erótico, defendeu aquilo que acredita, brigou por causas humanitárias, ultrapassou os limites do aceitável e imaginável no mundo pop, polemizou, errou, acertou, errou feio e fez melhor do que muita gente. Mãe, cantora, performer, com 32 anos de carreira e muito a apresentar ainda. E agradar aqueles que são seus maiores apoiadores: os fãs.
Madonna apresentando um dos seus maiores sucessos, “Vogue”, durante sua última turnê “MDNA” (Foto: Reprodução)Admirador a considera lenda vida da música
Desde muito pequeno, o jornalista Daivson Santos conhecia Madonna, pois sua mãe já ouvia em casa. No entanto, ele tornou-se fã de carteirinha há 22 anos quando ela veio ao Brasil pela primeira vez. “Minha maior loucura foi subir o Morro Dona Marta, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, sem nunca ter ido lá, apenas para poder vê-la mais de perto”, conta, animado, sobre a vinda da artista ao país em 2008, com a “Sticky & Sweet Tour”. “Além de conseguir tocar uma lenda viva da música, ela parou e posou para a minha câmera. Um sorriso que por pouco segundos foi exclusivamente meu”, lembra Daivson.
“Como pioneira que é, ela deixa como legado a possibilidade de chegar perto dos 60 anos sendo dona de sua própria carreira e fazendo o que bem entende. As divas pop da atualidade, na casa dos 20 anos, deveriam reverenciá-la sempre. Até porque, o pop que temos hoje em dia foi moldado por ela. Sem dúvida, Madonna é uma das poucas lendas vivas da música”, afirma o jornalista. Ele define a atual fase dela como “inspiradora”.
“Ela não tem feito as melhores canções ou discos de sua carreira. Ela pode não ser mais tão relevante do ponto de vista comercial, mas segue linda e na ativa aos 57 anos, prestes a iniciar mais uma turnê mundial que arrecadará mais alguns milhões. Ela sacou antes de toda indústria musical que os discos são apenas o motivo para cair na estrada e faturar. Até nisso ela foi visionária. Quem vende discos hoje em dia, além da Taylor Swift?”, questiona o fã.
Polêmica e sempre criativa: Madonna cantando “Gang Bang” em sua última turnê “MDNA” (Foto: Reprodução)“O trabalho da Madonna só será reconhecido e respeitado como deve ser quando ela não estiver mais viva”, afirma fã
A gerente Caroline Sasson Aguiar ouviu quando pequena a música “Borderline”, e adorou. Depois, assistiu a um vídeo de Madonna apresentando a música “Lucky Star” e achou o máximo a forma como a artista se vestia e dançava. “Pra mim, Madonna é a maior artista pop feminina de todos os tempos. Se ela tivesse se tornado freira, como queria, quando era pequena, acho que não teríamos todas essas outras cantoras pop que temos hoje”, acredita Caroline.
Quanto à fase atual, a admiradora é direta. “Gosto, mas não é das que eu mais gosto. Adorei esse álbum novo, achei que tem ótimas músicas. Diferentemente do que aconteceu no MDNA (2012) e no Hard Candy (2008), que são dois que não considero tão bons. Aliás, acho que são os mais fracos da carreira dela”, explica.
Caroline faz uma crítica a alguns artistas que temos hoje, dizendo que muitos desta nova geração apresentam trabalhos mais descartáveis: “Eles são uma marca, querem fazer as coisas certinhas sem ter que ofender ninguém para não perderem dinheiro e patrocinadores. Não gosto desse tipo de artista, mas essa nova geração curte esse tipo cantor e essas músicas mais pop”, defende.
Ainda de acordo com Caroline, a rainha do pop sempre usou um tom irônico e mais questionador nas suas músicas, porém não é tão querida por esses jovens. “Acho que o trabalho da Madonna só será reconhecido e respeitado da forma que tem que ser quando ela não estiver mais viva. Assim como aconteceu com o Michael Jackson, acredito que apenas depois que ela morrer, vão respeitá-la mais como grande artista que é e sempre foi”, esclarece.
Madonna não precisa ganhar prêmios ou estar no topo das paradas para fazer sucesso. Faz anos que a MTV, por exemplo, não a indica aos VMAs – mesmo sendo a recordista de estatuetas desta premiação. Mas nem por isso ela perde seu brilho e majestade. Segue com seu coração rebelde (como o nome de seu último álbum) mostrando que ela não tem de mostrar nada a ninguém. Moderna, transgressora, ligada nas redes sociais, entendendo como agir na selva cultural em que se encontra a cena musical atual.