‘Auto Eus – A Ditadura da Aprovação Social’ volta para o Teatro Poeira em 16 de abril

Espetáculo solo de Adriana Perin mergulha em desconstrução, recomeços e empatia; apresentações acontecem de terça a quinta-feira, às 21h, até 23 de maio

Adriana Perin (Foto: Divulgação)
Adriana Perin (Foto: Divulgação)

Depois de uma temporada de sucesso no Teatro Poeira, o espetáculo “Auto Eus – A Ditadura da Aprovação Social” volta em cartaz no mesmo teatro, em Botafogo, para mais seis semanas, a partir de 16 de abril. Em cena, a atriz Adriana Perin investiga as pluralidades e as “prisões” do ser humano e a aceitação da condição vulnerável de ser real, inteiro. As apresentações acontecem terça, quarta e quinta-feira, às 21h, até 23 de maio. “Auto Eus” é uma realização da Rodafilmes e da Brisa Filmes, uma das produtoras de “Dogville”.

Com direção de Raíssa Venâncio, a atriz-personagem narra uma espécie de jornada da anti-heroína numa viagem rumo à empatia por si mesma e, por consequência, pelo “outro”. Pelo Todo. Um percurso cênico que retrata vários desafios, entre eles, as expectativas de uma ilusória aprovação social e as decorrentes frustrações que isso pode trazer. “Auto Eus” também questiona os nossos abismos sociais, trazendo histórias densas sobre uma realidade aparentemente distante.

“Utilizamos a singularidade e a experiência pessoal da artista como disparador inicial do processo criativo”, explica a diretora Raíssa Venâncio. “A dramaturgia passa pela trajetória da atriz-personagem: o ex-casamento e as ‘culpas’ e barreiras internas que permearam seu processo de ruptura; a viagem para a Índia, que acidentalmente se tornou um portal para a espiritualidade; a estadia aos 15 anos em um acampamento do MST; o projeto social de Cinema do qual faz parte, no sertão nordestino, em que adentra o universo de menores em conflito com a lei em unidades socioeducativas. Assim como a pesquisa nesses contextos sobre a desconstrução dela, como mulher”, completa Raíssa.

A dramaturgia foi escrita a seis mãos por Adriana, pela diretora Raíssa e pela diretora assistente Paula Vilela. A encenação também foi construída a partir de uma expressiva narrativa corporal, conduzida pela diretora de movimento Lavínia Bizzotto.

“O espetáculo fala sobre empatia e desconstrução. Depois de ter vivido tantos processos de investigação interna, surgiu a necessidade de criar um trabalho artístico sobre o eu ideal e o eu verdadeiro, sobre a aceitação de sermos tantos fragmentos. Usar o pensamento para nos definir é algo que nos limita”, conta Adriana Perin. “Em cada uma dessas jornadas é surpreendente o contato com as nossas sombras e nossas fragilidades, até que algo inesperado acontece: nós as abraçamos e seguimos com elas. E percebemos o quanto a autenticidade pode resultar em conexão”, completa.

O processo de criação investigou memórias, abismos e recortes vivenciados pela atriz na sala de ensaio, por meio de improvisos gravados em áudio, que depois foram transcritos. “Um dos nossos maiores desafios foi fechar o texto, pois abrimos várias janelas durante a criação e produzimos um material imenso. ‘Auto Eus’ é uma costura de muitas histórias, e o ponto onde uma se conecta à outra foi nos surpreendendo. Permitimos que o projeto fosse ‘o que ele quisesse ser’ de modo orgânico”, define Adriana.

O cenário de Constanza de Córdova e Fernanda Mansur remete às paredes de uma casa que, a cada cena, ganham novos significados com projeções que trazem memórias, pensamentos e colagens. A Luz de Renato Machado revela as recordações da anti-heroína embalando a sua jornada. A trilha sonora traz canções que marcaram a trajetória da atriz-personagem e também a músicas de Daniel Lopes, compostas especialmente para o espetáculo.

A primeira temporada de “Auto Eus – A Ditadura da Aprovação Social” no Teatro Poeira foi de 6 de fevereiro a 27 de março.

Sobre Adriana Perin

Formada em Teatro pela CAL e em Comunicação Social pela UFRJ, Adriana Perin tem 32 anos e é natural de Vila Velha, no Espírito Santo. Estudou atuação também em Londres, na RADA, e o canto. Aprofundou-se em linguagens como Viewpoints, Meisner, Contação de Histórias e Performance. Investigou o corpo como potência criativa com diretoras como Duda Maia, Ana Kfouri e Yael Karavan, experienciou a arte do ator com a Cia Barca dos Corações Partidos e mais recentemente tem mergulhado no universo da palhaçaria com mestres como Karla Concá, Márcio Libar e o canadense Olivier Terreault.

Ao longo de 11 anos de Arte no Rio de Janeiro, Adriana tem como marca uma interpretação bastante plural: atuou no Cinema, séries, novelas, campanhas publicitárias, como apresentadora, além de uma série de trabalhos como locutora e narradora – como em filmes e áudio livros. No Teatro, já atuou em mais de dez espetáculos, tendo sido premiada como Melhor Atriz em festivais no Rio e no Espírito Santo.

Desde 2013 integra o projeto Cinema no Interior, dirigido por Marcos Carvalho, que percorre pequenas cidades do sertão nordestino. Lá atua como professora das oficinas de interpretação e como diretora de elenco nos filmes realizados após as aulas. O projeto originalmente contempla o povo local, no entanto, em 2017, abrangeu também menores em conflito com a lei, sendo realizado dentro de unidades socioeducativas.

Adriana tem profundo interesse nas relações humanas e sociais, na espiritualidade e expansão da consciência, e estuda formas de investigar essa temática em processos artísticos.

“Auto Eus – A Ditadura da Aprovação Social” no Teatro Poeira

Temporada: de 16 de abril a 22 de maio
Dias e horário: terça, quarta e quinta, às 21h
Local: Teatro Poeira – Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 25 (meia e lista amiga) | R$ 50 (inteira)
Vendas: site Tudus e bilheteria do teatro (de terça a sábado, das 15h às 19h; domingo, das 15h às 19h)
Capacidade: 82 lugares
Duração: 80 minutos
Classificação etária: 16 anos
Gênero: autoficção