O espetáculo “Felizarda” prolonga sua temporada no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Assim, após temporada em São Paulo, a comédia retorna ao palco carioca em dezembro de 2025. Além disso, devido à recepção do público, as apresentações seguem também em janeiro de 2026. Dessa forma, o projeto amplia o contato com espectadores interessados em reflexões sobre o mundo do trabalho.
Idealizado pelas atrizes Bella Camero e Louise D’Tuani, o espetáculo parte de inquietações ligadas à hiperprodutividade. Ao mesmo tempo, a obra discute falhas de comunicação presentes no ambiente corporativo. Portanto, a narrativa acompanha uma pessoa que conquista uma vaga de emprego, mas não compreende qual função irá exercer. A partir disso, a trama se desenvolve entre situações profissionais e pessoais.
‘Felizarda’ e o retrato do trabalho contemporâneo
Na história, a personagem principal começa a trabalhar em uma empresa cujo produto desconhece. Assim, enquanto tenta entender o que vende, ela enfrenta neuroses recorrentes do cotidiano atual. Além disso, sintomas psíquicos surgem em meio ao ritmo intenso de cobranças. Com isso, o texto constrói um retrato ligado à lógica da produtividade constante.
A dramaturgia aborda os efeitos dessa dinâmica sobre a vida e a psiquê. Portanto, o espetáculo articula humor e ironia para tratar de temas ligados à alienação. Ao mesmo tempo, a narrativa dialoga com situações reconhecíveis pelo público. Dessa forma, a peça se ancora em experiências comuns do ambiente de trabalho.
Processo de criação e dramaturgia do espetáculo
O projeto nasceu do desejo de Bella Camero e Louise D’Tuani de dividirem o palco. A partir disso, as atrizes buscaram a escritora e dramaturga Cecília Ripoll. Assim, o texto começou a ser desenvolvido a partir de propostas que dialogassem com a sociedade atual. Segundo Louise D’Tuani, “buscávamos algo para montarmos, que falasse da sociedade de hoje, sem perder o humor”.
Ainda segundo a atriz, “estamos tão focados em provar que podemos ser eficientes e produtivos 24 horas por dia que nos alienamos”. Além disso, ela afirma que “não nos conectamos mais nem com os nossos sentimentos e nem com as outras pessoas”. Dessa maneira, a dramaturgia se constrói a partir dessas observações sobre o cotidiano.
Personagens sem nomes e lógica corporativa
Os personagens da peça não possuem nomes próprios. Assim, essa escolha reforça a ideia de substituição constante no mundo corporativo. Segundo Bella Camero, “queremos mostrar que, pela lógica do mundo corporativo, somos todos facilmente substituíveis”. Portanto, os intérpretes recebem designações funcionais.
No elenco, Felipe Haiut interpreta o Vizinho de Mesa. Enquanto isso, Louise D’Tuani vive a Mentora. Bella Camero assume o papel da Felizarda. Já Sol Menezzes interpreta a Esposa da Felizarda. Dessa forma, os personagens representam relações comuns no ambiente profissional e pessoal.
Encenação e linguagem cênica de ‘Felizarda’
A direção do espetáculo é assinada por Beatriz Barros. Assim, a encenação propõe a mistura entre espaços de trabalho e de casa. Com isso, a fronteira entre vida pessoal e profissional se dissolve ao longo da peça. A proposta dialoga com a ideia de trabalho constante.
A cenografia de Pedro Levorin apresenta elementos híbridos. Dessa maneira, o cenário evoca simultaneamente ambientes corporativos e domésticos. Além disso, a iluminação de Wagner Antônio contribui para criar um clima distópico e cotidiano. Assim, luz e cenário dialogam com a narrativa.
A trilha sonora original é composta por Dani Nega. Cada personagem possui uma linha melódica própria. Portanto, a música se inspira na lógica improvisada do jazz. Ao mesmo tempo, o figurino, desenvolvido por Ariel Ribeiro a partir da pesquisa Zootomia, apresenta peças que dialogam com os corpos contemporâneos.
Humor, ironia e distopia contemporânea
Apesar de abordar temas densos, o espetáculo utiliza humor e ironia como recursos narrativos. Assim, a obra se aproxima do público por meio do riso. Segundo a diretora Beatriz Barros, “‘Felizarda’ cria uma distopia contemporânea não situada no tempo”. Ainda segundo ela, a história “poderia acontecer no passado, no presente ou no futuro”.
Dessa forma, a peça não se prende a um período específico. Ao mesmo tempo, o texto dialoga com questões recorrentes da sociedade. Com isso, o espetáculo propõe reflexões sobre trabalho, comunicação e relações humanas.
‘Felizarda’ no Teatro Glaucio Gill
O espetáculo acontece no Teatro Glaucio Gill, localizado na Praça Cardeal Arcoverde, s/n, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A temporada de 2025 ocorre de 3 a 19 de dezembro. Já a temporada de 2026 acontece de 14 de janeiro a 6 de fevereiro.
As apresentações acontecem às quartas, quintas e sextas-feiras, sempre às 20h. Os ingressos custam R$ 60 a inteira e R$ 30 a meia. A classificação indicativa é de 14 anos. A duração do espetáculo é de 70 minutos.


































