Em “Queimando o Filme!“, novo show de Fábio Rabin, sobra piada para todo mundo: para ele mesmo, para sua mulher, Camila, e até para a filha Beatriz, de dois anos e sete meses. E ele faz graça mesmo sobre esses assuntos familiares. O espetáculo faz um apanhado de seus dez anos de carreira e fica em cartaz até 29 de novembro no Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro. O humorista conversou com o Almanaque da Cultura sobre seu show, sua carreira e alguns assuntos interessantes do mundo do humor brasileiro.

Fatos comuns na rotina de um paulistano de quase 35 anos (ele faz aniversário dia 12 de novembro), que casou e se tornou pai, são os elementos que ele usa para queimar o filme de todo mundo no novo show. Ele explica que no Stand Up Comedy em si fala-se apenas da vida e, atualmente, sua família faz muito parte da sua. “Então elas viram piadas, coitadas. Eu não queria ser minha mulher, por vários motivos”, se diverte.

Depois de ficar conhecido por seus vídeos no Youtube, o ator passou pelo “Programa Pânico” (ainda na Rede TV, entre 2007 e 2009) e pelos extintos “Furfles” (2009), “Delírios de Verão” (2010) e “Comédia MTV” (2010-2011), sendo os últimos três neste canal, que teve as transmissões encerradas em 2013. Sem muitas papas na língua, Fabio fala do atual momento do humor nacional e faz interessantes apontamentos a respeito de censura.

O humorista diz que “Queimando o Filme!” reúne “o melhor de todos os textos criados” em seus anos nos palcos (Foto: Reprodução)

Almanaque da Cultura: Como é o seu show “Queimando o Filme”? Como surgiu a ideia de criá-lo?
Fábio Rabin:
 “Queimando o Filme” é um show de Stand Up Comedy que aborda diversos assuntos, mas é norteado pelo tema da família. Tenho uma visão bastante crítica e ácida sobre tudo, inclusive aquilo que há de mais puro, no caso, minha esposa e minha filha, que são vítimas no meu texto (risos).

Almanaque da Cultura: Qual a diferença deste show para os outros? O que mudou no texto?
Fábio Rabin: Acredito que a diferença para os outros shows é que, no meu caso, gosto de incluir alguns elementos de teatro como personagens dentro do próprio Stand Up e um texto mais ácido que a normalidade, com boas pitadas de humor negro. Acredito que o que muda do primeiro show é a maturidade não apenas do tema, como das piadas, não deixando nunca de ser ácido e muitas vezes até arriscado no famoso politicamente correto e o tão chato limite do humor.

Almanaque da Cultura: Além do “Queimando o Filme”, você está preparando outro projeto?
Fábio Rabin: Tenho a reestreia do “Longa Metragem” na TBS, uma série de humor com cinema que foi algo realmente prazeroso de fazer! Algumas TVs a cabo nos possibilitam mais de arriscar e criar novos conteúdos. Para mim este projeto foi maravilhoso!

Fábio Rabin no programa da Jovem Pan em São Paulo (Foto: Divulgação)

Almanaque da Cultura: Por que você resolveu se tornar ator?
Fábio Rabin:
Na verdade, descobri por acaso através da minha irmã que já era atriz. Eu estava infeliz na faculdade e resolvi aceitar o convite dela para conhecer o teatro. Entrei num grupo de picaretas, daqueles que pedem dinheiro para enviar um vídeo book para a Globo! (risos) Depois fiz um semestre de aula com o professor Otávio Martins. As aulas eram às segundas-feiras. Comecei a notar que estava gostando mais de segunda do que de sábados com o passar do tempo. Então, depois de ir ao médico descobri que estava gostando muito do teatro. E resolvi tentar a sorte!

Almanaque da Cultura: Você já participou de vários programas de humor em diferentes emissoras. Como você vê os atuais programas e o tipo de humor que está sendo feito no Brasil?
Fábio Rabin: Por mais complicado que pareça dizer isso não posso mentir neste caso. Não me agradam os programas de humor do nosso país. São inúmeros novos programas com personagens estereotipados e piadas antigas de salão. Acredito que o humor nacional já passou por esta revolução, mas a televisão parece ainda temer algo. Diz que arrisca, mas pega figuras antigas e encaixa em formatos novos, foca no popular e não arrisca o mais sofisticado, ou então programas com rabo preso o que sinceramente não combina com humor…nem com nada. Uma raríssima exceção é o “Tá no Ar“, que surpreendentemente tá no ar. O Zorra finalmente reformulou também. Queria que mais programas assim existissem, mas o que vejo por aí é um verdadeiro extermínio do humor! Pronto, parei, antes que crie inimizades.

Almanaque da Cultura: O que você acha desta política de vigilância e crítica não só sobre o humor brasileiro, sobretudo com assuntos polêmicos atualmente?
Fabio Rabin:
As pessoas se ofendem quando tem um ponto fraco, esta é a regra, e o Brasil, hoje em dia, é um ponto fraco. Nada está certo no nosso país e, às vezes, cobram esta justiça dos comediantes ao invés de políticos, juízes, policiais e qualquer tipo de autoridade. Algumas vezes cobram mais uma piada do que as leis. Isso é bizarro! O que não significa que o comediante não tenha que ter responsabilidade…ele tem que ter sim! A de ser engraçado.

“Queimando o Filme!” com Fábio Rabin

Datas e horários: De 6 a 29 de novembro (1ª temporada) – Sextas e Sábados às 21h e Domingo às 20h
Ingressos: R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (meia)
Local: Teatro Fashion Mall – Estrada da Gávea, 899 – São Conrado – Rio de Janeiro
Informações: (21) 2422-9800
Censura: 14 anos