Um teste realizado pela ONG Proteste avaliou a segurança em teatros após visitar 24 casas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Salvador. O resultado da avaliação revelou que existem diversas falhas que podem prejudicar o espetáculo. Em muitos casos houve quase nenhum avanço em relação ao última avaliação, de 2012.
No Rio de Janeiro, nove dos dez locais tiveram algum problema de sinalização de emergência e de rota de fuga, sem placas indicadoras de saída e omissos na identificação do tipo de extintor de incêndio, algo primordial à segurança.
É o caso do Teatro Clara Nunes e do Teatro dos 4, cuja sinalização confusa dos extintores de pó químico e de CO2 pode resultar em choques elétricos, se a pessoa usar o dispositivo de água, em vez do de C02, em partes elétricas pegando fogo.
Já o Teatro Glaucio Gill tinha um extintor de água ao lado da caixa de alta tensão, o que também pode ocasionar descargas elétricas se usado durante um incêndio.
Teatro Glaucio Gill: riscos de acidentes
Essa sala foi a única, entre as 24 visitadas, com riscos potencialmente graves de acidentes. Além da sinalização quase inexistente na parte interna e dos (poucos) extintores sem identificação e obstruídos, a estrutura metálica do segundo andar está corroída e desgastada. A grade de proteção é vazada e oferece riscos tanto para pessoas sentadas na parte superior quanto para as do setor inferior.
O Teatro Clara Nunes, por sua vez, foi o único reprovado em outros itens de prevenção de incêndio e de pânico, como hidrantes, sensores de fumaça e botão de alarme.
Ainda no Rio de Janeiro, apenas o Teatro dos Grandes Atores, Theatro Municipal e Teatro Maison de France no Centro, orientaram, por alto-falante, sobre os dispositivos de segurança e como evacuar em caso de emergência.
Salas de SP um pouco melhores
A situação é um pouco melhor em São Paulo, mas ainda faltam indicações de saídas de emergência e sobram portas sem barras antipânico, outro item básico de resguardo.
Os teatros Sala São Paulo, Ágora, Procópio Ferreira e Frei Caneca não têm esse dispositivo em suas portas. A ONG confirmou obstruções potencialmente graves nas salas Frei Caneca e Procópio Ferreira. Na primeira, havia cadeiras no corredor, a fim de aumentar a capacidade de público, enquanto, na segunda, um balcão de vendas e o posicionamento dos seguranças reduziam o espaço de saída. Apenas a Sala São Paulo e o Teatro Tuca indicavam a lotação máxima na bilheteria, cenário igualmente ruim em Salvador.
Essa foi uma das várias melhorias, em relação à visita em 2012, do Teatro Tuca, que agora tem extintores dentro da validade, sinalização de saída e outros equipamentos contra incêndio.
Já em Salvador, o Teatro Jorge Amado coleciona irregularidades, como sinalização pouco visível e cadeiras fechando o acesso ao extintor, sendo que havia apenas dois na sala e nenhum perto do palco.
No Teatro Módulo, cadeiras (para o público aguardar a liberação da sala) obstruíam os hidrantes e, no Teatro Vila Velha, belo mas mal conservado, uma barra trancava a porta antipânico.
Além disso, só tinha dois extintores, escondidos e vencidos, além da falta de rota de fuga, comum a todos os teatros visitados nessa cidade, assim como a fraca sinalização.
Em geral, as análises mostraram que houve alguns avanços em relação a 2012, como mais salas com avisos de “proibido fumar” e indicando a lotação máxima, principalmente no Rio.