Grace Gianoukas interpreta libanesa rica mãe de Tatá Werneck em ‘Haja Coração’

A atriz Grace Gianoukas conversou com o Almanaque da Cultura e falou um pouco de sua personagem em “Haja Coração“, próxima trama das sete, da Rede Globo. No folhetim, ela dará vida a riquíssima Teodora Abdalla, mãe de Fedora, personagem defendido por Tatá Werneck.

Almanaque da Cultura: Como está sendo interpretar a excêntrica Teodora Abdalla?
Grace Gianoukas: Maravilhoso! Estou adorando. É uma personagem maravilhosa, inspirada em tantas outras mulheres da obra do Sílvio de Abreu, muito fortes, mas meio enlouquecidas (risos). A Teodora Abdalla é uma mulher riquíssima, libanesa, matriarca de uma família que é dona de um complexo gastronômico. Ela é casada com o Aparício (Alexandre Borges) e trata ele muito mal, porque acha que só se casou por cousa do dinheiro dela. Ah, na verdade, ela gosta é de mandar em todo mundo (risos).

Almanaque da Cultura: A família dela é meio louca. É isso mesmo?
Grace Gianoukas: Uma família bem louca, viu. A irmã, Lucrécia (Claudia Gimenez), mora com ela na mansão. Uma honra, aliás, poder estar ao lado da Claudinha nesse trabalho. E ela é casada, na trama, com o Agilson (Marcelo Médici). Olha que maravilha de cunhado que a Teodora tem (risos)! Fora os dois, ela ainda tem uma filha que ama, mima demais, e não mede esforços por ela. É a Fedora (Tatá Werneck).

Almanaque da Cultura: Como está sendo participar de uma trama inteira? Você só tinha feito pequenas participações na TV Globo, né?
Grace Gianoukas: Novela inteira é a primeira vez. Sempre fiz muitas participações por conta do meu projeto, o “Terça Insana” Produções. Produzo quase 400 espetáculos por ano, então nunca me faltaram convites, mas espaço na agenda. Costumo fechar tudo com um ano, um ano e meio de antecedência. Mas, dessa vez, deu certo. Me chamaram no final de setembro, não tinha começado a fechar os contratos… daí pude remanejar as ideias (risos).

Fedora conta sempre o apoio da mãe, Teodora, para suas loucuras mais extravagantes (Foto: João Miguel Jr/Globo)

Almanaque da Cultura: Você é diretora, produtora, etc. Como está sendo ser dirigida na Rede Globo?
Grace Gianoukas: Eu dirijo, né. Mas um fusquinha (risos). Aqui é uma espaçonave que vai para Marte (risos). Aqui posso ser só atriz. E é uma maravilha. Não preciso me descabelar atrás de figurino, de iluminação. Que delícia. Não tenho que me preocupar com nada, só chegar lá e interpretar.

Almanaque da Cultura: A personagem é bem excêntrica, né?
Grace Gianoukas: Ah, ela fica assim, basiquinha, para andar pela casa (risos). Roupas esvoaçantes, um anel de brilhantes, o budolgue debaixo do braço (risos). É interessante porque ela é rica pra car…. sinto muito, gente, ela é muito rica (gargalhadas). Me inspirei nessas mulheres tão cheias de dinheiro que estão fora da realidade e circulam por aí na alta sociedade, nas colunas sociais. Adoro ler essas notinhas e ver aqueles excessos todos que eles acham lindo, mas que não entendo. A Teodora é assim. Um exagero, quase brega, mas que para ela é muito digno, porque o que ela quer é ostentar.

Almanaque da Cultura: Você é ligada no 220V. Como está sendo essa troca com a Tatá Werneck?
Grace Gianoukas: A sorte é que a personagem é mais calma, mais sofisticada, tenho que maneirar na dose (risos). E a parceira com a Tatá é muito legal. Fizemos uma preparação, com exercícios para criar um vínculo de mãe e filha. Queremos fazer rir, mas fazer comédia sem essa verdade emocional… não rola! Foi muito bom podermos ficar, mas próximas antes de entrar no estúdio, porque depois, fazendo quase 40 cenas por dia, a gente não tem mais tempo pra nada.

Almanaque da Cultura: Essa personagem é um divisor de águas em sua carreira. É isso mesmo?
Grace Gianoukas: Vou ser sincera. Tenho 33 anos de profissão, mas isso aqui para mim é um novo estágio. É tudo muito novo. Estou aqui para aprender.

Almanaque da Cultura: Está preparada para a repercussão em torno de você?
Grace Gianoukas: A “Terça Insana” ficou muito conhecida e tem fã clube até na Alemanha (risos). Já fui reconhecida muito na rua, mas aqui esse assédio parece que vai ser muito maior. Mas não tem problema. Adoro as pessoas, sei que minha profissão é pública e vou tratar todo mundo com carinho. Bem, se gostarem de mim, né. Porque, se não, vão me apedrejar (gargalhadas).

Almanaque da Cultura: Como você analisa o politicamente correto no humor?
Grace Gianoukas: Nunca vai ver na “Terça Insana” alguém fazendo um humor preconceituoso, humilhando as pessoas por coisas que elas não escolhem. Fazemos associações mais sofisticadas, de uma forma que amadureça o público e também sirva para o ator que está fazendo o personagem. Nunca houve uma reclamação sequer. A gente gosta mesmo é de dar voz para gente fora da casinha. Já fiz personagem que cheira (risos), uma atriz que vive medicada, até santa eu encarnei (gargalhadas). A gente faz humor. Porque se fazer política, não tem como ser correto.

Teodora (Grace Gianoukas) e Aparício (Alexandre Borges) vivem em pé de guerra na mansão Abdala (Foto: João Miguel Jr/Globo)

Almanaque da Cultura: A gente vê que o figurino da personagem é esplendoroso. Quando tempo você demora a ficar “montada”?
Grace Gianoukas: Uma hora e meia. Tem uma maquiagem bem cuidado, um cabelo delicado. Você sempre tem ideia de como é o personagem, mas na hora que chega o maquiador e a figurinista, parece que tudo se fecha de vez, sabe. É muito suave entrar no personagem, é só conseguir entrar nessa roupa toda (risos).

Almanaque da Cultura: Em “Sassaricando”, a personagem foi defendida pela querida Jandira Martins. Como está sendo fazer uma homenagem a essa grande atriz?
Grace Gianoukas: Quando me convidaram, não lembrei que a Jandira defendeu esse personagem em “Sassaricando”. Daí, claro, fui xeretar na internet, tem que honrar a tecnologia que nos é dada, né (risos). Fiquei muito emocionada, porque muitas atrizes que eu adoro, ídolos para mim, fizeram a primeira versão. Maria Alice Ribeiro, por exemplo.

Almanaque da Cultura: Na versão original, a sua personagem morre. Nessa versão ela irá bater as botas?
Grace Gianoukas: Sei que pelo menos nos 30 primeiros capítulos estou lá. Existem várias teorias nos bastidores do que vai acontecer com a Teodora, mas eu, a mais interessada, não tenho ideia do que vai acontecer (risos). Ninguém me falou nada. Uma hora ela vai ter que desaparecer para dar continuidade a trama. Mas será que ela vai mesmo morrer? Não sei…

Almanaque da Cultura: A gente percebe que você tem orgulho do projeto “Terça Insana”. Como é isso?
Grace Gianoukas: Não é questão de orgulho, fiz o que tinha que fazer, banquei um espetáculo, me arrisquei e deu muito certo. Que bom, porque já me f*** muito (risos). O artista, quando não arrisca, deixa de criar. E eu precisa repensar a comédia, fazer as pessoas pensarem no que elas estavam rindo. Não dá para num país, como o nosso, ficar ridicularizando negros, gays… cidadãos que fazem parte e são maioria na nossa sociedade. Abri esse espaço para experimentar.

Almanaque da Cultura: Aconteceram várias revelações no projeto. É isso mesmo?
Grace Gianoukas: Passaram por lá mais de 400 atores, temos nem 10% de tudo isso registrado em dois DVDs. Em breve, vou disponibilizar muita coisa nas redes sociais. De cara, já revelamos Luiz Miranda, Graziela Moreto, Marcelo Médici. E, depois, vieram outras gerações e muita gente boa, como o Marco Luque e o Heraldo Fontini.

Almanaque da Cultura: Você é noveleira?
Grace Gianoukas: Nunca fui muito de ligar a televisão, mas agora virei uma noveleira. Não perco um capítulo de “Êta Mundo Bom”. E estou adorando “Totalmente Demais”.