Irene Ravache, que dará vida a grande vilã de “Além do Tempo“, conversou com o Almanaque da Cultura e comentou que conheceu um Brasil possível durante a sua estadia no Sul do país. “Acho que o Sul é o Brasil possível. Fiquei impressionada com a educação das pessoas. Acho importante a gente falar disso. É um Brasil que não tem essa violência gargalhando à medida que você caminha”, relatou a renomada atriz.
Almanaque da Cultura: Qual sua opinião sobre a crença na temática espírita
Irene Ravache: Acho que isso agrada a quase todo mundo, mesmo a quem não acredita. É diferente, são possibilidades, são esperanças, acenos no que diz respeito à nossa vida, que hoje é muito voltada para o material. Então eu acho que as pessoas recebem esse tipo de tema. Eu, particularmente, não acredito, não. Até gostaria, acho que seria muito bom poder reencontrar meus pais. Mas não sei o que tem depois da morte, não.
Almanaque da Cultura: E como é interpretar a Condessa?
Irene Ravache: É um senhor papel, uma mulher muito amargurada. Vilã mesmo, que não tem nenhum pudor, manda calar a boca, diz que não tem interessa, ela é totalmente politicamente incorreta, tudo que não se deve fazer ela faz. Como ator é ótimo, então está sendo muito divertido. E eu contraceno muito com minha querida amiga Nivea Maria, e eu digo barbaridades para ela. Ela não tem nenhum filtro. Eu já tinha vivido isso com a Clô (de “Passione”), de poder extravasar por meio de uma personagem, poder dizer as coisas que ela dizia, era ótimo. Ela me dava muitas chances. A gente tem um ladinho dark que a gente exercita bastante.
Almanaque da Cultura: Como tem sido a relação com o elenco de “Além do Tempo”?
Irene Ravache: Esse elenco tem uma coisa muito interessante, muito particular e muito bem escalado. Tivemos uma preparação muito boa, que nos uniu muito. Temos o nosso grupo, um sabe da vida do outro, todo mundo vibra junto, está unido.
Almanaque da Cultura: Você pode detalhar como será a segunda fase da novela?
Irene Ravache: Da segunda fase eu não li nada, não quis ler. E falei pra Elizabeth que o texto estava na gaveta. Eu não quero saber, quero ter uma surpresa quando chegar lá. O que eu sei é que meu neto, o Cadu Libonati, vai fazer a segunda fase. Mas não sei se vou contracenar com ele.
Almanaque da Cultura: E essa amargura e redenção da personagem? Como fica?
Irene Ravache: Ela tem uma amargura por causa da história do filho, tem uma neta que nem sabe que existe. Eu não sei se ela vai ter uma redenção, se o público vai sentir pena dela. Eu espero que não porque ela faz coisas muito desagradáveis. O brasileiro tem essa mania, o ator às vezes dá uma humanidade para o papel e o público esquece as maldades do personagem. E assim vamos nós esquecendo as vilanias da Petrobras, de tudo o que nos cerca, o que não é legal. Então eu espero que as pessoas não gostem dela, não.
Almanaque da Cultura: Como é a Irene Ravache mãe? Há limites?
Irene Ravache: O que eu penso é o seguinte: hoje, os filhos deixam bem claro os seus limites. É e bom que deixe. Antigamente, tinha medo, outros interesses envolvidos, hoje os filhos e filhas já colocam o limite. Mas eu acho horroroso o que ela faz com o filho, ela é horrorosa. O filho não tá morto e ela não conta para a outra, deixa ela sofrendo.