Morre o ator Tarcísio Meira, aos 85 anos

O artista estava internado desde o dia 6 de agosto no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Tarcísio Meira em "A Favorita" (Foto: João Miguel Júnior/TV Globo)
Tarcísio Meira em "A Favorita" (Foto: João Miguel Júnior/TV Globo)

Morreu nesta quinta-feira, 12 agosto, aos 85 anos, o ator Tarcísio Meira por complicações de saúde provocadas pela Covid-19. O artista estava internado desde o dia 6 de agosto no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

No último boletim médico, divulgado na noite da terça-feira, 10 de agosto, o hospital informou que Meira tinha problemas nos rins, precisando de “diálise contínua”, e estava intubado. No mesmo dia, sua esposa, a também atriz Glória Menezes, de 86 anos, foi internada, mas apresentou um quadro mais brando e está apenas em observação.

Os dois tinham recebido a segunda dose da vacina Coronavac em março deste ano e estavam isolados na cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo. No entanto, segundo a nora do casal, Mocita Fagundes, em entrevista ao UOL, eles contraíram a doença “num descuido”.

Nenhuma vacina anti-Covid consegue proteger 100% contra casos graves e mortes e, quanto maior a circulação do vírus em um país – caso do Brasil – maior a chance do coronavírus Sars-CoV-2 conseguir infectar uma pessoa. Por isso, é importante que a vacinação seja feita da maneira mais rápida possível e os cuidados sejam mantidos, como o uso de máscaras e evitar aglomerações.

Tarcísio Meira é um dos maiores atores da dramaturgia brasileira, com um longo histórico de grandes atuações no teatro, no cinema e nas novelas. Pela Rede Globo, onde estreou em 1967, ele atuou em mais de 60 programas diferentes, sendo sucesso de crítica e de público.

Meira e Menezes são casados há quase 60 anos e se conheceram nos palcos do teatro. Do casamento, eles tiveram um filho, Tarcisio Filho, também ator.

A morte do artista teve rápida repercussão nas redes sociais, com centenas de fãs lamentando o falecimento.

Entre os fãs famosos, uma das primeiras postagens foi do ator José de Abreu, que colocou uma foto de uma cena com Meira durante uma novela, dirigida por Paulo José, que faleceu nesta quarta-feira (11).

“Tarcisio Meira e eu dirigidos por Paulo José. Acabaram as minhas lágrimas. RIP queridos colegas e amigos”, escreveu no Instagram.

O diretor da Globo, Boninho, também usou as redes sociais para lamentar a perda. “Muito triste perder nosso maior galã da história da tv brasileira. Tive a alegria de conviver com ele e Glória durante muitos anos. Que pena. Meu conforto a família, Tarcisinho”, postou.

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Tarcísio Meira nunca teve dúvidas de que foi “o cara que mais decorou palavras no mundo”. Mesmo que a marca não apareça no Livro dos Recordes, o fato é que só na televisão foram mais de 60 trabalhos – mais de 50 na TV Globo -, entre novelas, seriados e minisséries, teleteatros e telefilmes, numa carreira que começou em 1961, na extinta TV Tupi, e foi se consolidando ao longo dos anos. Um vida que se mistura à história das telenovelas no nosso país. Nesta quinta-feira, 12 de agosto, Tarcísio sai de cena definitivamente, aos 85 anos, deixando certamente um vazio no coração de todos os brasileiros. O ator deixa a esposa e companheira de toda vida, a atriz Glória Menezes, e o filho, o também ator Tarcísio Filho.

Nascido no dia 5 de outubro de 1935, em São Paulo, batizado Tarcísio Magalhães Sobrinho, o ator tomou emprestado da mãe o sobrenome Meira, que, além de ser mais sonoro, somava 13 letras com o primeiro nome – uma superstição da época. Quando jovem, queria ser Diplomata. Para sorte do público, porém, desistiu da ideia ao ser reprovado na primeira prova que fez para o Instituto Rio Branco, em 1957. No mesmo ano, estreou no teatro com a peça “A Hora Marcada”. Em 1959, fez seu primeiro espetáculo profissional, “O Soldado Tanaka”, convidado por Sérgio Cardoso.
Tarcísio estreou na TV no mítico “Grande Teatro Tupi”, um programa de teleteatro, onde contracenou pela primeira vez com Glória Menezes em “Uma Pires Camargo”, em 1961, de Geraldo Vietri. Os dois se casaram no ano seguinte. “Conheci Glória quando estava ensaiando uma peça dirigida por Antunes Filho. Eu a vi passar no palco e falei: “Que mulheraço! Que mulher bonita””, contou em entrevista ao Memória Globo. Da união, nasceu, em 1964, Tarcísio Filho.

Em 1963, o casal trocou a Tupi pela Excelsior, onde participou da primeira novela diária da televisão brasileira, “25499 Ocupado”, de Dulce Santucci. No mesmo ano, fez o seu primeiro filme: “Casinha Pequenina”, com Mazzaropi.

Na TV Globo, Tarcísio estreou em 1968, com a novela “Sangue e Areia”, de Janete Clair. A adaptação do romance do espanhol Blasco Ibañez escrita por Janete fez com que Tarcísio e Glória se tornassem um dos pares românticos favoritos do público. Também marcou o início de uma parceria duradoura: ele protagonizou mais seis novelas da autora. Outra parceria bem-sucedida de Tarcísio foi com Lauro César Muniz. A história do país serviu de cenário para “Escalada” (1975). Nela, o ator viveu Antônio Dias, personagem que interpretou da juventude aos 70 anos, tendo testemunhado a construção de Brasília.

“Irmãos Coragem” (1970), novela na qual viveu o mocinho João Coragem, foi um dos maiores sucessos da fase preto e branco da TV brasileira. Para se ter uma ideia, o penúltimo capítulo da trama deu mais audiência que a final da Copa do Mundo. “Foi a primeira novela que os homens admitiam que viam. Até então, eles viam meio escondidos, porque novela era coisa de mulher”, explicou Tarcísio ao Memória Globo.

Seu último trabalho na emissora foi “Orgulho e Paixão”, em 2018. Na trama de Marcos Bernstein, inspirada na obra da escritora inglesa Jane Austen, ele viveu Lorde Williamson, pai do mocinho vivido por Thiago Lacerda. Em outros trabalhos recentes viveu ainda Fausto Leitão, em “A Lei do Amor”, e fez uma participação como o Coronel Jacinto, em “Velho Chico”, ambas em 2016.