Deborah Evelyn está de volta ao horário nobre da Globo na pele da misteriosa Kiki em “A Regra do Jogo“. Em conversa com o Almanaque da Cultura, a atriz falou da personagem, da amizade com Renata Sorrah e como surgiu o convite para encarar este desafio.
Almanaque da Cultura: Como surgiu o convite para participar dessa trama?
Deborah Evelyn: É sempre uma alegria trabalhar ao lado de excelentes profissionais. João Emanuel Carneiro (autor), uma pessoa que eu admiro muito e Amora Mautner (diretora), que eu admiro muito também. Mais ainda! Na verdade, foi ela que me ligou. Jantamos juntas e o João me ligou durante o encontro e me convidou. Eu fiquei muito feliz. Eu sou muito fã dessa dupla. Eles são talentosíssimos! Sem dúvida nenhuma, Amora é a diretora mais talentosa dessa geração. Vai ser maravilhosa essa parceria. Estou muito empolgada.
Almanaque da Cultura: A novela tem uma pegada bem policial. Muita gente está comparando com o filme “Tropa de Elite”. Como você vê isso, já que o público rejeitou “Babilônia” por causa da violência?
Deborah Evelyn: Tem um pouco disso sim. Entretanto, “A Regra do Jogo” é bem diferente de “Babilônia”. Apesar, de eu ter adorado “Babilônia”. De verdade! Achei uma novela muito boa. Atores maravilhosos, direção primorosa. Sem falar no trio de autores (João Ximenes Braga, Gilberto Braga e Ricardo Linhares). São produtos diferentes. Ela tem um lado de “Tropa de Elite”, como você falou. Gostei da comparação. Mas ela não é um longa-metragem. É uma novela!!! Ela tem um núcleo cômico, tem a minha família que faz parte de um núcleo mais realista, que também é muito interessante. E tem esses mistérios incríveis que só o João Emanuel sabe fazer. Ele é inacreditável. Mesmo você lendo os capítulos, você quer ler mais e mais.
Almanaque da Cultura: Renata Sorrah é sua mãe na trama. Durante um conversa com nossa equipe, ela comentou que sua personagem morreu. Na verdade, o que aconteceu com a Kiki?
Deborah Evelyn: Eu acho que eu não estou morta (risos). Acho que irei aparecer não só como um fantasminha (faz mistério). É uma história muito interessante essa da Kiki.
Almanaque da Cultura: E a composição?
Deborah Evelyn: Eu já sei bastante coisa dessa personagem. Posso garantir que é completamente diferente de tudo que eu já fiz em minha carreira. Antes de tudo, ela vive um casamento infeliz com Romero Rômulo (Alexandre Nero). Ela é sequestrada e todo mundo pensa que ela morreu, pois se passaram muitos anos sem ela voltar. E aí ela acaba voltando. Eu não vou falar como e nem o motivo desse retorno. E o que está por trás disso é o grande mistério que movimentará a trama.
Almanaque da Cultura: Você é uma atriz movida a desafios. Essa personagem é mais um desafio em sua carreia a ser vencido?
Deborah Evelyn: É um desafio sim! A Kiki é totalmente diferente de tudo que eu já fiz em minha carreira profissional. A novela do João já é bem diferente de tudo que eu já fiz. Ela tem um ritmo maravilhoso, tem uma agilidade, uma leveza. E acho que a Amora está imprimindo um tipo de direção muito novo. Algo orgânico, sabe? É tudo muito forte. Não está dando para relaxar. O que é maravilhoso. Tudo é desafio. Se a gente descansa em nossa profissão, a gente não cria nada de novo. E aí é muito chato.
Almanaque da Cultura: A Renata Sorrah é sua tia e sua madrinha na vida real. Como é esse reencontro em cena?
Deborah Evelyn: Ela já foi minha mãe na novela “Um Anjo Caiu do Céu”. Além de ser minha tia e minha madrinha, ela é uma atriz incrível. Ela é uma colega fantástica para trabalhar. Eu estou muito feliz com esse reencontro.
Almanaque da Cultura: No inicio da conversa, falamos de “Babilônia”. O que você achou do boicote em relação ao beijo gay de duas senhoras no primeiro capítulo da trama de Gilberto Braga?
Deborah Evelyn: Isso foi inacreditável! A gente está no século vinte e um e as pessoas acharam que os outros não podem beijar quem elas amam. Independentemente de sexo. Ninguém tem nada a ver com isso. Eu beijo quem eu quiser na minha vida. E ficar se preocupando com isso é um verdadeiro absurdo. Estamos em um país onde o que tem de corrupção, de roubalheira e de crise… E as pessoas estão preocupadas que uma mulher está beijando outra? Realmente, isso foi uma decepção enorme para mim. É verdade! Acho inacreditável as pessoas estarem preocupadas com a opção sexual dos outros.
Almanaque da Cultura: Sua vida é uma tremenda correria. Você ainda tem tempo para o teatro?
Deborah Evelyn: Eu acabei uma peça agora. Quando encerrar “A Regra do Jogo” irei produzir outra, que se chama “Encontros.Com”, que provavelmente será protagonizada pelo Marco Pigossi e dirigida pelo Emilio de Melo. Agora eu estou tentando não juntar as duas coisas. A vida fica muito corrida mesmo.
Almanaque da Cultura: O João Emanuel sabe como ninguém escrever sobre relações humanas. Isso encantou você a aceitar a fazer esse papel?
Deborah Evelyn: Totalmente! Ele sabe mexer com isso. E ele tem uma sacada que eu acho genial. É que cada personagem fala de sua maneira. Não é aquele texto que é igual para todo mundo. A minha personagem tem um vocabulário específico de falar. É impressionante como ele conduz os personagens.
Almanaque da Cultura: Para Deborah Evelyn, vale tudo na “Regra do Jogo da Vida”?
Deborah Evelyn: Vale tudo! Desde que você não interfira no outro, no seu próximo, na liberdade, na vida, nos direitos do outro. Vale tudo para você ser feliz. Sem interferir nos outros. Isso não pode.