Taís Araújo vai trabalhar novamente ao lado de Lázaro Ramos, seu marido na vida real. No entanto, na televisão, a atriz dará vida a Michele, uma dançarina no seriado “Mister Brau”, da TV Globo, que tem estreia prevista para o dia 22 de setembro.
Em conversa com o Almanaque da Cultura, a artista detalhou um pouco sobre a personalidade e figurino de Michele, que tem tudo para conquistar o público. Ela também relatou que decidiu tornar-se uma nova atriz após o fracasso da personagem Helena em “Viver a Vida”, folhetim de Manoel Carlos. “A Preta (da trama “Da Cor do Pecado”) foi um sucesso e a Helena foi um fracasso, mas eu faria tudo novamente. Depois de Helena virei outra atriz. Eu quis ser outra atriz. Helena foi muito determinante para mim”.
Almanaque da Cultura: O que atraiu você para participar do “Mister Brau”?
Taís Araújo: Quando recebi esse convite ainda estava grávida. Trabalhar com comédia novamente é algo incrível. É um lugar que eu estou investigando. Estar com o Lázaro Ramos novamente em cena é sempre bom. Eu falo que a vida de popstar é um inferno, mas brincar de ser um popstar é muito legal. Eu queria fazer uma coisa leve e esse programa tem isso. A gente não tem pretensão nenhuma. A gente só quer entreter o público.
Almanaque da Cultura: Qual foi a sua inspiração para compor essa dançarina sexy? Você se inspirou nessas dançarinas de axé?
Taís Araújo: Me inspirei em todo muito e de todo o canto do mundo. Me inspirei nas danças de Ruanda e de Senegal. Tudo ali tem referência africana. Até essas dançarinas de axé se inspiram neles. Também me inspirei nas cantoras americanas: Beyoncé e Nicki Minaj. Bebi dessa fonte também (risos).
Almanaque da Cultura: Qual o ponto psicológico da personagem? Ela é centrada ou é maluquinha como o Brau?
Taís Araújo: Todos os personagens são maluquinhos. Não tem ninguém certo ali. Todos eles têm um ponto de loucura. A Michele é uma pessoa incrível. Ela é artista, lida muito bem com o dinheiro, e é uma ótima empreendedora. O sucesso dele é mérito dela. Eles são oriundos de Madureira (Zona Norte do Rio de Janeiro) e conquistaram o mundo. Ela é muito inteligente e mandona pra caramba, além de ser ciumentíssima.
Almanaque da Cultura: O que essa personagem tem de você e você tem dela?
Taís Araújo: Todo personagem a gente se reconhece e leva coisa nossa. Ela tem humor, é irônica e eu também sou! Mas ela é muito melhor que eu. Ela é do tipo de pessoa que eu queria ser. Eu queria ser a Michele. Ela é uma mulher incrível. Sabe administrar e liderar como ninguém.
Almanaque da Cultura: Você também pensa em cantar e se tornar uma popstar?
Taís Araújo: Eu não tenho a menor vocação para vida de popstar. Isso é das três maiores chatices do mundo. É muito trabalhoso gente. Eles ganham rios de dinheiro. Eu sempre falo que vale cada centavo. A gente está trabalhando igual a eles, mas não estamos ganhando igual a eles, infelizmente. É muita dedicação envolvida ali. O nosso trabalho é bem diferente do deles. A musica mexe num lugar muito divino. Atinge de outra maneira. Por isso movimenta tanto dinheiro.
Almanaque da Cultura: O figurino dela é bem curtinho e sexy. Você dá opinião nas peças?
Taís Araújo: A opinião que eu dou não tem nada ligado a pudor. Pelo contrário, é mais de estilo.
Almanaque da Cultura: Você está voltando ao vídeo após se tornar mãe pela segunda vez. Como foi voltar e, deixar um bebê casa?
Taís Araújo: É sempre péssimo! Mas o segundo filho é muito mais fácil. Você não se dedica exclusivamente ao segundo, porque você já tem um filho e tem que saber dosar. No período de licença pegava e levava meu filho mais velho na escola. Costumo falar para ele que ele não perdeu nada, só ganhou! Tento me multiplicar em mil, porque um chama de um lado, o outro do outro, mas é tão prazeroso. Não tem explicação.
Almanaque da Cultura: No programa do Faustão, o público percebeu que você estava bem coreografada. Quando tempo demorou para você pegar esses passos?
Taís Araújo: Uma eternidade! As meninas demoram dez minutos para pegar uma coreografia. Eu demoro um dia e meio. Sem brincadeira. Claro que o corpo vai se adaptando. Eu não tenho experiência nenhuma em dança. Eu só danço em festa de amigo (risos). Até hoje eu erro. No programa do Faustão eu errei. A minha cara de pau é tão grande meu amor, que eu não estou nem aí.
Almanaque da Cultura: Essas dançarinas sofrem um certo tipo de preconceito. Hoje você analisa o trabalho delas de uma forma diferente?
Taís Araújo: Eu nunca vi dessa maneira. Que elas são só corpo e tal. Na verdade, eu acho esse pensamento muito pequeno. Essa série fala justamente sobre isso. Sobre essa diversidade de estilos musicais.
Almanaque da Cultura: Você analisa esses estilos musicais com outros olhos?
Taís Araújo: Desde “Cheias de Charme” vejo esses artistas populares de outra forma. Quando fomos falar do tecnobrega na trama me achei tão idiota. A gente pensa que só acontece coisa boa no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas, não é assim. Eu posso não curtir a musica deles. Mas, eu não posso ignorar. Essas pessoas lotam os shows. E, sim, elas têm o seu valor. Não pode ser o meu gosto. Mas, é de milhões de brasileiros. Isso não pode ser ignorado de jeito nenhum. Acho que ignorar é uma grande burrice. A internet trouxe isso de bom. E, isso é mérito deles.
Almanaque da Cultura: Qual foi o impacto de Preta, protagonista da trama “Da Cor do Pecado”, e de Helena da trama “Viver a Vida”, em sua carreira?
Taís Araújo: A Preta (da trama “Da Cor do Pecado”) foi um sucesso e a Helena foi um fracasso, mas eu faria tudo novamente. Depois de Helena virei outra atriz. Eu quis ser outra atriz. Helena foi muito determinante para mim. Só enxerguei o fracasso da personagem no fim da trama. Com a Helena percebi que protagonista necessariamente não é um bom personagem. Tem vários personagens menores, que são muito mais ricos que os protagonistas. Helena foi importante para eu saber que tipo de atriz que eu queria ser. Eu só quero ser desafiada, fazer bons textos e diversificar. Estou adorando fazer comédia e estou descobrindo isso. Fazer comédia é difícil pra caramba, mas é uma coisa que você conquista. O bom da minha profissão é que o tempo está ao nosso favor. É uma profissão que o tempo ajuda o profissional a aprender.
Almanaque da Cultura: Com 36 anos de vida, como você avalia a sua carreira? Você queria ter feito mais. Ou está satisfeita com tudo que você fez?
Taís Araújo: Não tem como ter feito mais. Eu fiz o que dava para fazer. Eu acho que foi bastante coisa. Tem muita coisa para fazer ainda, claro, mas está muito bom. Foi tudo no tempo certo. Foi muito importante ter saído da Manchete e ter ficado na Rede Globo. Fui protagonista da novela “Da Cor do Pecado”, foi no tempo certo, do jeito certo. Foi tudo no momento oportuno.