O diretor inglês Doug Clayton, sócio da Filme Ibiza se prepara para um reencontro depois de dez anos com antigos amigos. No domingo, 29 de novembro, acontece em Vila Operária, Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, a 10ª edição do Meeting of Favela (MOF). E Doug, que acompanha o evento desde o ano de criação, vai registrar tudo para o documentário “Comendo Tinta”, com previsão de lançamento em 2016.
Este movimento que nasceu do sonho coletivo de quatro grafiteiros da velha guarda carioca – Carlos Bobi, André KajaMan, Marcio Bunys e Wesley Combone – que, em 2004, formaram sua Crew Posse 471. A ideia inicial era organizar um mutirão dos mutirões de graffiti, organizar uma “festa criativa” na Baixada Fluminense.
A produção, que tem Pedro Pirim e o Pedro Nobrega da Noo na captação de recursos, traz uma estética urbana, acompanha a trajetória do graffiti carioca pelos olhos dos próprios artistas. “Nós estivemos presentes no primeiro ‘Meeting of Favela’. Muita coisa aconteceu desde então e a gente registrou essa trajetória. São dez anos de vida dos grafiteiros, o modo como eles se relacionam com a cidade, além do cunho social da arte. O graffiti é a arte como veículo de inclusão. Queremos ver o que aconteceu durante essa década”, diz Clayton.
Para filmar a 10ª edição do MOF para o documentário, a Filme Ibiza prepara uma grande estrutura de equipamentos que conta com drone, ronin e até uma grua. “No ‘Comendo Tinta’ queremos fazer um cinema de guerrilha com estrutura de superprodução”, explica o diretor, “quando começamos a filmar o documentário 10 anos atrás, era tudo feito na base do amor e apoio de amigos, e agora, mesmo tendo o projeto aprovado na Lei Rouanet, sabemos que não é garantido que conseguiremos captar os recursos necessários pra finalizar o filme”, comenta Doug.
“Por isso escolhemos o MOF pra juntar todos os artistas que participaram do filme e produzir um conteúdo que amarre a narrativa, caso a gente não consiga captar os recursos. Mais uma vez estamos envolvendo nossos amigos e parceiros no amor, sendo que dessa vez com uma estrutura muito mais robusta”, finaliza o diretor.