A Unidos da Tijuca foi a sexta e última escola de samba a mostrar sua apresentação neste domingo, 7 de fevereiro, na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. A agremiação da zona norte homenageou em seu desfile a terra em que pisamos, apostando em alegorias humanas, como já virou tradição na Unidos da Tijuca.
O abre-alas mostrou a criação do homem através do barro com 170 componentes cobertos de terra dos pés à cabeça. Na sequência, o carro tropical trouxe bichos, folhas, seis cascatas e uma dança de folhas. Em um clima de agricultura familiar, a velha guarda cuidou de galinheiros no terceiro carro. As pragas foram combatidas no quarto carro, com direito à drag queen Suzy Brasil como rainha das formigas.
O solo sagrado, o ar, a terra, o homem simples em conexão com a natureza pôde ser visto em carros harmônicos com algum toque de interatividade, como as folhas que hora brotavam para a esquerda, hora para a direita em uma alegoria que contou com 101 pessoas. Além de uma ala com um carro alegórico representando uma colheitadeira, onde o trigo eram os foliões sendo tragados pelo aparato.
Mesmo sem qualquer inovação, seja no tema que apresentou, seja a capital nacional do agronegócio ou grandes investimentos em tecnologia, a escola surpreendeu pela unidade e organização em uma coreografia perfeitamente idealizada por Fábio Costa e executada pelos membros da escola.
Investindo em capital humano pode-se ver a alegria de gente muito bem disposta e organizada, com alas separadas pelas cores verde, amarelo, azul e branco, formando um tapete colorido na Avenida e cantando em perfeita união o hino da escola em uníssono. Houve até mesmo uma rainha vestida de borboleta simbolista e a atriz Juliana Alves demostrou raça à frente da bateria – posto que já ocupa há quatro anos.
O destaque ficou por conta da coreografia do desabrochar das flores no carro da natureza e as reproduções de 24 quadros de Portinari que foram surpresa. O desfile terminou em uma festa tijucana com dança de duas quadrilhas e dez violeiros.
Confira as fotos do desfile da Unidos da Tijuca
Confira o samba-enredo
“Semeando sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado”
Autores: Dudu Nobre, Zé Paulo Sierra, Claudio Mattos e Gustavo Clarão
Sou eu… Do barro esculpido pelas mãos do Criador
Sou eu… Filho dessa terra germinando amor
São lágrimas que caem lá do céu
São raios desse sol em meu olhar
Ao ver a agricultura do Brasil em meu Borel
Sagrada natureza a nos abençoar
Brota o suor que escorre na enxada
Ara, planta, colhe em devoção
E “ver de” perto a cria alimentada
Flores que aquarelam a região
Sou matuto sonhador em louvação
Lá no meu interior, a viola dá o tom
Vendo o campo colorido
Cai a noite a me envolver
Vou rogando ao Pai querido
Pra colheita florescer
Vou levantando a poeira da terra
Que aterra a magia do grão
Fertilidade é a arte do homem que cuida
Protege seu chão
Um oásis de conhecimento
Pro país é um exemplo, a tal “capital”
O meu negócio é isso, seu moço
“Sorriso” no rosto
Por esse meu mundão rural
Semeia… A minha raiz
Clareia.. Um belo matiz
O dia vai raiar e o povo há de cantar feliz
Salve! A Mãe Natureza, a luz da riqueza
O dono da terra… A inspiração
A Tijuca festeja, o solo sagrado em oração!