O Facebook pediu aos proprietários do FaceGlória que mudem o nome e endereço da rede social voltada a evangélicos e inspirada no site de Mark Zuckerberg. A solicitação foi realizada por meio de notificação extrajudicial enviada em 1º de julho pelo escritório de advocacia Danneman Siemsen Advogados, que assessora o Facebook em questão relacionadas a propriedade intelectual.
Surgido em junho, durante a Marcha para Jesus, em São Paulo, o FaceGlória pretende ser uma alternativa ao Facebook, considerado muito permissivo pelos religiosos. O novo site causou polêmica por proibir divulgação de beijos gays, mas liberar fotos de biquíni.
O pedido do site norte-americano esbarra na lei brasileira, que respalda o FaceGlória. O registro da marca FaceGlória foi concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) em fevereiro de 2012 a Acir Lopes, responsável pelo site.
O Facebook, por sua vez, possui 15 registros de marca, concedidos pelo órgão entre 2006 e 2009. Como prova de sua notoriedade, a rede social lembra ter 1,44 bilhão de usuários, que enviam 45 bilhões de mensagens por mês e veem 4 bilhões de vídeos por dia.
Segundo a legislação citada pela advogada do Facebook, cada registro de marca deve ser feito para classes específicas de serviços ou produtos. Por isso, a rede de Zuckerberg possui mais de uma dezena de registros, para serviços tão diversos quanto o fornecimento de “ferramentas de desenvolvimento de software” ou de “salas de bate-papo”.
“O Facebook tomou essa iniciativa porque já se sente incomodado com a repercussão internacional do FaceGlória”, afirmou Acir Santos, também prefeito de Ferraz de Vasconcelos, cidade do interior de São Paulo. “Nós, com pouquíssima estrutura, já temos 100 mil usuários. Daí para chegar a 1 milhão, 10 milhões é um pulo”, afirmou o prefeito em entrevista ao Portal G1.
Segundo Santos, o Facebook adotou uma posição autoritária ao pedir que o FaceGlória abandone sua marca. “Eu comparo o Zuckerberg ao [ditador italiano Benito] Mussolini. Eu não vou falar [alemão Adolf] Hitler porque é muito pesado. Por que não pode ter um FaceGlória, um Facegay?” “Você percebe que vai ter aí uma guerra, não religiosa, mas virtual de existência”. Apesar destas declarações, os responsáveis pelo FaceGlória afirmam que vão buscar um acordo para que as marcas coexistam.