'Segue o Baile': Mariana Fontes apresenta novo cenário de seu canal do YouTube (Foto: Daniel Collyer/Almanaque da Cultura)
'Segue o Baile': Mariana Fontes apresenta novo cenário de seu canal do YouTube (Foto: Daniel Collyer/Almanaque da Cultura)

Uma das frases do novo cenário do canal “Segue o Baile”, “Lugar de mulher é no YouTube”, também é, há alguns meses, o lema da jornalista Mariana Fontes. Talento revelado pelo canal a cabo Esporte Interativo, a apresentadora deixou a emissora após seis anos, mas seguiu com seu projeto sobre futebol europeu e, desde setembro, lança dois vídeos semanais sobre o assunto na plataforma.

“Eu tinha que pensar em uma alternativa bacana, que tivesse cara de YouTube. Se você traz um cenário de TV e uma bancada, não é o que a pessoa daqui quer ver. O que a pessoa do YouTube quer ver é o quarto do Whindersson que está desarrumado. Isso faz parte”, comenta.

Uma mulher falando sobre esportes, ainda hoje, é algo que sofre preconceito, principalmente tratando-se de futebol europeu, um assunto ainda mais específico. Apesar de termos diversas apresentadoras esportivas espalhadas pelas emissoras de TV e rádio do Brasil e do mundo, no YouTube, o nicho é pouco explorado e difundido entre as mulheres produtoras de conteúdo. E é justamente esta lacuna que Mariana quer preencher.

“Quando eu apresento o projeto para as pessoas, elas levam um susto. ‘Mas uma mulher falando de futebol europeu?’. É um assunto muito específico, não tão comum de se ver. Então eu falei: ‘Tá aí, é isso que prende as pessoas’. Vamos fazer um cenário que traga esse tema de empoderamento feminino”.

Após ter a bela vista do Vidigal, na Zona Sul do Rio, como plano de fundo durante os primeiros vídeos do canal, o novo cenário do “Segue o Baile” estreou na segunda-feira, 4 de dezembro, falando sobre o craque francês Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid. Mariana Fontes e o “Segue o Baile” vão ao ar todas segundas e quintas, às 11h.

Assista ao vídeo sobre o craque francês Antoine Griezmann

Confira o novo cenário de “Segue o Baile”

Almanaque da Cultura: Qual a principal diferença que você sente entre produzir e apresentar um conteúdo no Youtube e na TV?
Mariana Fontes: Acho que a gente vive num tempo onde as pessoas já sabem como a TV é feita. Acho que tem cada vez menos espaço para teleprompter e texto pronto. Todos já sabem que aquela pessoa tem uma equipe inteira por trás dela, e como aquilo funciona. Então, você não engana mais. No YouTube, há a liberdade para falar isso para a pessoa: “Eu sei que você sabe que isso aqui não é uma TV, não tem porque eu tentar te enganar”. As pessoas gostam de ver os erros e os bastidores. A gente tenta aproveitar ao máximo as falhas (de gravação) e as brincadeiras, porque você fica mais perto (do espectador). O público do YouTube é mais novo. Você tem um pessoal mais velho que também acompanha, mas essa galera não faz o que a geração mais nova faz, que é interagir. Com os mais novos, você sobe o vídeo, eles já comentam e dão sugestões.

Almanaque da Cultura: Como foi idealizada a mudança do cenário?
MF: Tinha que pensar em uma alternativa bacana, porque recebi algumas ideias que, para a TV eram bonitas, mas para a internet, não. O YouTube te convida para essa coisa mais intimista. Se você traz um cenário de TV e uma bancada, não é o que a pessoa daqui quer ver. O que a pessoa do YouTube quer ver é o quarto do Whindersson, que está desarrumado. Isso faz parte, por mais que você não veja nenhuma harmonia ali, porque você vem com um olhar viciado de TV. Quem busca esse conteúdo, vê, não se incomoda e se sente até mais confortável, porque o ambiente muito arrumado e muito formal dá uma intimidada. Com o cenário novo, quisemos trazer esse lado mais informal.

Almanaque da Cultura: Como foram escolhidos os elementos que compõem novo cenário?
MF: Quando apresento o projeto para as pessoas, elas levam um susto. ‘Mas uma mulher falando de futebol europeu?’. É um assunto muito específico, não tão comum de se ver. Então eu falei: ‘Tá aí, é isso que prende as pessoas’. Vamos fazer um cenário que traga esse tema de empoderamento feminino. Aí, a gente brincou: ‘Lugar de mulher é no YouTube’. Na imagem do ‘We can do it’, pedi para colocar uma braçadeira de capitão, demos uma brincada com isso também. A única referência masculina que a gente tem é uma hashtag que se refere a uma mulher, que é o ‘Alô, mãe’ do Gabriel Jesus (atacante da Seleção Brasileira e do Manchester City). Com isso, tentamos trazer essa coisa mais feminina, mais empoderada para o cenário, que era justamente o que causava um impacto maior nas apresentações comerciais do canal. Foi isso que seduziu marcas como Coca-Cola Jeans e Triton, que quiseram se associar a esta imagem diferente e apoiar o projeto.

Almanaque da Cultura: O canal estreou com o nome “Fora o Baile” e hoje se chama “Segue o Baile”. Por que a mudança aconteceu no meio do caminho?
MF: Porque as pessoas não sabiam. Quando você falava só “Fora o Baile”, sem contexto nenhum, fora do futebol, as pessoas ficavam perdidas. Principalmente as que não têm muita intimidade com o tema. As pessoas que vinham falar comigo, diziam: ‘Ah, o Segue o Baile está muito legal’. ‘Parabéns pelo Segue o Baile’. Aí eu falei: ‘Já era, tem que ser esse nome mesmo’. Foi o ‘Segue o Baile’ que chegou na gente, não a gente que chegou nele. Mesmo quem não tem nenhuma intimidade com o tema, usa sem saber. É mais fácil você adotar logo do que brigar e empurrar a sua ideia. Quanto mais você facilitar e mais leve chegar às pessoas, melhor.

Almanaque da Cultura: Você ainda pensa em voltar a trabalhar na TV?
MF: Pretendo retornar para a TV. Você tem públicos diferentes, mas, estando na TV, você consegue construir uma ponte, e as coisas se retroalimentam, porque a pessoa está na TV, mas ela quer ver mais. Então, ela vai para o YouTube e fala: ‘Será que ela é assim o dia todo? Calma, vamos entender como é na TV’. As pessoas têm essa curiosidade, você acaba falando com dois públicos diferentes, mas é a ponte entre eles. Então, essa ponte entre as duas plataformas é bacana.