O título remete ao gênero mais brasileiro e a uma cidadezinha de 30 mil habitantes no interior do Mato Grosso. A arte do terceiro disco – e terceiro EP – da tríade que compõe “Os Três Primeiros”, gravado ao vivo no Circo Voador, homenageia a estética da Hollywood Brasileira, a Atlântida e seus tradicionais cartazes. É tudo sobre aquele eterno quase gigantismo brasileiro. Que se tornou gigante de fato com esses elementos tão nossos, em “Samba Poconé”.
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O disco vendeu mais de 1,8 milhão de cópias. Teve música no álbum oficial da Copa do Mundo de 1998 (“É Uma Partida de Futebol”), levou o Skank a turnê por 16 países e a rodar o Brasil três vezes com o mesmo álbum. “Foi quando chegamos a um ponto em que percebemos: “Bom, maior que isso simplesmente não dá para ficar””, diz Samuel Rosa.
Até dava, na verdade. Mas aí deixaria de ser um grupo de pop rock brasileiro e viraria alguma outra entidade. E mesmo desse tamanho o grupo mineiro já se tornava alvo da amargura do sucesso. “Nenhum disco tinha sido apedrejado pela crítica, tinha muita música na rádio mas é como o (escritor) Nick Hornby falou: ‘Depois que fiz sucesso, mesmo sem ter mudado uma vírgula do que tinha escrito, os livros que tinham sido elogiados ficaram de alguma maneira piores (para a crítica)'”.
Confira o EP “O Samba Poconé – Gravado ao vivo no Circo Voador” aqui.
Além de “É uma Partida de Futebol”, é o disco que traz “Garota Nacional”, “Tão Seu”, “Eu Disse a Ela”, “Zé Trindade”, “Sem Terra”, “Os Exilados” e “Poconé”, todas no EP 3. “Samba Poconé”, dado o sucesso de “Calango”, é quase a prova do segundo disco. “Tem muita gente que acha que o Skank começa com “Calango”, pela falta de hit do primeiro”.
De certo modo, é o disco em que flertam com a Espanha, com a arte dos catalães José Robles, de seus pôsteres para os filmes da Atlântida, e Manu Chao, que participa de três músicas, “Zé Trindade”, “Los Pretos” e “Sem Terra”. As duas últimas obviamente com engajamento social e a primeira com envolvimento romântico com o ideal “atlântido” de ter produzido 66 filmes no Brasil entre 1941 e 62.
“Era até paradoxal queremos fazer um som universal, latino e que ao mesmo tempo mantivesse uma certa brasilidade”. Paradoxal, mas ainda assim colocou o Skank em um patamar que só era confrontado por pagode, axé e sertanejo na época. “Samba Poconé” foi o guardião de resistência pop roqueira naquele segundo tempo de anos 90.