Com mais de 15 anos de carreira, 16 peças no currículo, dois filmes e três novelas, Carla Cristina acaba de estrear em “A Regra do Jogo” e já tem arrancado risadas do público interpretando a governanta Dinorah há mais de 30 anos na casa de Feliciano (Marcos Caruso). Dinorah é uma mulher divertida e debochada. Há tempos não recebe salário, mas diz que só vai embora depois que a família pagar o que lhe deve.
A Atriz conversou com o Almanaque da Cultura e disse que ganhou um presente ao interpretar esta personagem: “Está sendo um grande prazer fazer parte deste elenco primoroso”, comemora a atriz, que está em boa fase profissional: “o segredo está em estudar sempre, não parar nunca e ser grata”.
Almanaque da Cultura: Como é ter uma carreira com muitos personagens cômicos? Que gênero você prefere?
Carla Cristina: Eu fiz “Anti Nelson Rodrigues” e nosso diretor botou uma pitada de humor. A minha parte na peça acabou sendo algo bem cômico. Mesmo sendo Nelson Rodrigues. Mas eu não tenho preferência não, eu sou levada. Acontece naturalmente. A gente começa a passar por algumas coisas e procura ver sempre o lado bom, com bom humor. Eu sempre levei isso para a vida.
Almanaque da Cultura: E como surgiu “A Regra do Jogo” na sua história”?
Carla Cristina: Fui gravar o seriado “Mulheres que Amam Demais” no “Fantástico” e a Joana Jabace me chamou para fazer um teste para a novela do João Emanuel Carneiro. Fiz o teste baseado em muito improviso e após dois meses me ligaram de novo para mais uma seletiva, desta vez com a caixa cênica e a família fixa: O Marcos Caruso, Otávio Müller, Alexandra Ritcher e Marcello Novaes. Foram vários testes. Depois de um mês me ligaram para confirmar que eu tinha passado.
Almanaque da Cultura: Como tem sido participar desta família tresloucada em “A Regra do Jogo”?
Carla Cristina: Todos se ajudam muito, não parece nem trabalho! A gente ensaia muito primeiro. A diretora Amora Mautner prefere que não pare a cena. Temos um texto que seguimos à risca, mas é muito improviso. No meu núcleo somos todos de teatro, então se esquecemos o texto improvisamos, só volta se for muito preciso. A direção não fica cortando a cena. São sete câmeras: duas câmeras robôs, mais as escondidas e dois câmeras que nos acompanham. É uma correria, por isso o ensaio é muito importante: volta para sala, vai para cozinha, vem para o banheiro, é tudo ao mesmo tempo. A caixa cênica é teatro puro. A ideia é essa! O Marcos Caruso é um ótimo parceiro, a Alexandra Ritcher, o Otávio Müller, a Fernanda Souza, é uma troca. Ficamos muito a vontade é muito bom!
Almanaque da Cultura: Você fez algum laboratório para compor a Dinorah?
Carla Cristina: Fiz baseada na sinopse que o João Emanuel Carneiro mandou: A Dinorah trabalha a anos com a família, não recebe nada, porque eles são falidos, então ela mora lá. E ela adorava a esposa dele, que, quando morreu, pediu para a Dinorah cuidar do Seu Feliciano. A Dinorah tem verdadeira adoração por ele. Então ela se preocupa com ele o resto ela trata igual cachorro. Minha mãe, foi doméstica, depois chegou a ser governanta. Ela sempre me disse: “Minha filha tudo que você for fazer tem que ser bem feito”. Ela era assim. Minha mãe fazia a gente rir sempre. Então eu aprendi muito com ela, com essa vida simples.
Almanaque da Cultura: Como você explica a Dinorah bombar tanto nas Redes Sociais?
Carla Cristina: No terceiro dia da novela meu irmão me disse: “Carla, a Dinorah tá bombando no Twitter“. Isso porque a novela ainda vai fazer duas semanas. Agora eu estou me empenhando, porque eu estava por fora do Twitter, não esperava tudo isso! Fico muito feliz com este retorno do público. Só posso agradecer.
Almanaque da Cultura: Cacau Protásio se lançou como a empregada de Carminha na novela do mesmo autor, você acha que hoje as domésticas têm mais destaque?
Carla Cristina: O texto do João Emanuel Carneiro é maravilhoso! Eu olho e penso: “como pode alguém escrever diálogos tão algo tão bons”. A gente bota um tempero, mas ele é gênio. A amora é outra: “gênio”. Ela chama a gente para assistir a cena depois de pronta. Eu tô adorando. Tô ligada em tudo. Eu nem esperava isso de twitter, nada. Eu apenas fiz meu trabalho, e tô feliz demais que tá dando certo. É bom, né? É um prato cheio. Essa equipe revela talentos, tem revelado muitos atores e eu acho essa oportunidade ótima.
Almanaque da Cultura: Você esteve na série “Suburbanos” com o Rodrigo Santana, como é dividir a cena com ele?
Carla Cristina: O Rodrigo Santana e eu nos conhecemos quando eu fazia a peça “O Tombo” e ele foi assistir. A gente se identificou de cara, se divertiu muito. Ele então me convidou para a leitura do texto de “Os Suburbanos” e eu já fiquei no elenco. Em novembro começamos a gravar para a nova temporada. Além do Rodrigo ser esse excelente artista, ele é uma pessoa nota mil. Eu, o Rodrigo e o Nando Cunha quando estamos em cena acontece muita coisa. A gente tem crise de riso, é muito divertido!
Almanaque da Cultura: Você ficou mais de 10 anos na ONG Palco Social do Ernesto Piccolo. Como você analisa sua evolução como atriz?
Carla Cristina: A gente vai estudando, metendo a cara, eu sempre fui assim. Lá a gente aprende que tudo que vier é consequência. Aprende a se doar, ser humilde. Sou muito grata ao Piccolo. A gente não pode parar, temos sempre muita coisa para aprender. Hoje eu estudo libras, a língua de sinais, procuro melhorar como pessoa, como atriz. Tentar. Eu continuo estudando a beça, para melhorar sempre!