O Canal Brasil, em sua grade de programação, presta homenagem a um dos maiores nomes do cinema brasileiro, Cacá Diegues, que faleceu na madrugada de sexta-feira, 14 de fevereiro, aos 84 anos. A homenagem se estenderá até o domingo, 16 de fevereiro, com uma seleção de filmes e entrevistas do cineasta alagoano, conhecido por sua significativa contribuição ao Cinema Novo e por suas obras que marcaram a história do cinema nacional.
A programação começa hoje, 14 de fevereiro, às 22h, com a exibição do aclamado filme “Bye Bye Brasil” (1980), uma obra que foi indicada à Palma de Ouro no Festival de Cannes e é considerada um dos maiores sucessos de Diegues. Às 23h40, será exibida uma entrevista inédita do cineasta ao programa “Sangue Latino”, de Felipe Nepomuceno. A ideia é oferecer ao público uma reflexão sobre a obra de Cacá e seu impacto na cinematografia brasileira.
Na sexta-feira, 15 de fevereiro, a programação continua às 22h com o filme “O Grande Circo Místico” (2018), uma das produções mais recentes de Diegues, seguida de uma entrevista com o cineasta sobre a produção, que será apresentada no programa “O País do Cinema: O Grande Circo Místico”, comandado por Fabíula Nascimento. Essa noite promete trazer à tona a visão de Diegues sobre seu trabalho mais recente, refletindo sobre a continuidade de sua carreira e suas influências no cinema nacional.
O domingo, 16 de fevereiro, será dedicado inteiramente ao cineasta, com uma maratona que começará às 8h e se estenderá até a madrugada de segunda-feira, oferecendo uma programação variada com entrevistas e filmes que marcaram sua carreira. Entre as atrações, estarão entrevistas em programas como “Letras Brasileiras”, “O Bagulho é Doido”, “Preto no Branco”, “Tarja Preta” e “Sangue Latino”. Além disso, diversos longas-metragens de sua autoria serão transmitidos, incluindo “A Grande Cidade” (1966), “Dias Melhores Virão” (1989), “Deus é Brasileiro” (2003), “Xica Da Silva” (1976), “Tieta Do Agreste” (1996) e “Orfeu” (1999). A exibição de dois programas especiais do “Rolo Extra”, apresentados por Pedro Bial, também integra a maratona, com entrevistas sobre os filmes “Veja Esta Canção” (1993) e “Deus É Brasileiro” (2004).
Cacá Diegues: o legado de um pioneiro
Cacá Diegues nasceu Carlos José Fontes Diegues, em 19 de outubro de 1940, em Maceió, Alagoas. Aos seis anos, ele se mudou com sua família para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua trajetória no mundo do cinema. Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Diegues fundou um cineclube e começou a produzir filmes amadores com amigos como Arnaldo Jabor. Nos anos 1960, ele se juntou a cineastas como Glauber Rocha e Leon Hirszman para fundar o movimento Cinema Novo, um movimento de renovação do cinema brasileiro que abordava questões sociais, especialmente no contexto da ditadura militar.
Ao longo de sua carreira, Cacá Diegues se destacou por suas produções que misturaram elementos de drama, comédia e música, sempre com um olhar atento à realidade brasileira. Seu trabalho também se destacou pela maneira como ele abordava as questões culturais, políticas e sociais do país, muitas vezes refletindo as transformações sociais e as tensões do Brasil.
Entre seus filmes mais icônicos estão “Cinco vezes Favela” (1962), onde ele participou de um dos episódios, “Ganga Zumba” (1964), “A Grande Cidade” (1966), “Xica da Silva” (1976), “Bye Bye Brasil” (1980), “Tieta do Agreste” (1996), “Orfeu” (1999), “Deus é Brasileiro” (2003), e “O Grande Circo Místico” (2018), sua produção mais recente.
Sete filmes de Cacá Diegues foram selecionados para disputar indicações ao Oscar, um recorde para cineastas brasileiros. Entre eles, destacam-se “Xica da Silva” (1976), “Bye Bye Brasil” (1980), “Um Trem para as Estrelas” (1987), “Dias Melhores Virão” (1989), “Tieta do Agreste” (1996) e “O Grande Circo Místico” (2019).
Além das produções cinematográficas, Cacá Diegues foi reconhecido internacionalmente por sua contribuição à sétima arte. Em 2018, o Festival de Cannes fez uma exibição especial de seus filmes clássicos, como “Quilombo” (1984), e em 2024, ele foi homenageado no Prêmio Grande Otelo, uma das maiores premiações do cinema brasileiro. Em 2018, Cacá também passou a ocupar a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, uma honra que consolidou ainda mais sua importância cultural.
Última produção e legado
O último filme de Cacá Diegues, “Deus Ainda é Brasileiro”, sequência de “Deus é Brasileiro” (2003), tem estreia prevista para outubro de 2025. O filme promete ser mais uma importante produção para a cinematografia brasileira, celebrando a religiosidade e a cultura do país.
Cacá Diegues deixa um legado imensurável para o cinema brasileiro, tanto por suas obras icônicas quanto por seu papel fundamental no movimento Cinema Novo. Sua visão e sua narrativa criaram um impacto profundo não só no cinema brasileiro, mas também na forma como o mundo enxergou a cultura e a realidade do Brasil.
O Canal Brasil, ao exibir essa programação especial, oferece uma oportunidade única para os espectadores conhecerem mais sobre sua trajetória e suas obras, além de celebrar um dos maiores cineastas do Brasil.