Crítica: ‘O Exterminador do Futuro: Gênesis’

Em 2029, a batalha final pelo futuro está perto de seu final. A Resistência aproxima-se de destruir de vez o sistema de inteligência artificial Skynet. John Connor (Jason Clarke) é o líder do exército e Kyle Reese (Jai Courtney) é seu soldado mais fiel, que é mandado de volta a 1984 para salvar Sarah Connor (Emilia Clarke), do cyborg Terminator T-800 (Arnold Schwarzenegger). Mas a ida ao passado altera mais ainda a realidade. Além disso, não é só a missão original que é mudada. Agora, é preciso salvar a humanidade.

Arnold/T-800 está de volta em “O Exterminador do Futuro: Gênesis“, que estreia no Brasil nesta quinta-feira, 2 de julho. Depois de 12 anos, o ator retorna uma das franquias mais icônicas da história. E algo muito comentado está em questão: como fazer de um ator com 67 anos um ciborgue já conhecido e lidar com o fato de que Arnold envelheceu? Da forma mais natural sarcástica possível. A ironia está muito presente no filme e em alguns momentos, acaba por não soar natural. Até questão da idade de Arnold é motivo de piada. As explicações dadas para que T-800 envelheça são bem interessantes, tanto quanto a abordagem do que um robô entende como (seus) sentimentos.

O que está no filme não traz nada de muito novo para a história da ficção científica cinematográfica. Tudo ali já foi visto, desde as cenas aéreas àquelas improbabilidades de realidade, presentes no gênero. Mas isso não desmerece em nada a proposta do filme. A obra, além de trazer novo fôlego para a franquia, tem outro objetivo bem direto: coloca “O Exterminador do Futuro” no meio do fogo cruzado entre estúdios e suas grandes produções. É bom ver T-800 figurando, em pleno 2015, entre grandes heróis de blockbusters recentes, como Vingadores e X-Men (em um pequeno exemplo). Mas isso não é o suficiente para fazer deste um excelentíssimo filme em 2015.

Um roteiro bem estruturado e que deixa poucos furos, para os quais se têm a nítida sensação de que não foram respondidos propositalmente para que isto seja feito em provável sequência. Como é um filme que fala de tempo e diversas fases e realidade, era de se esperar que os flashbacks estivessem (muito) presentes. Certa rapidez neles pode confundir o espectador, que precisa ter atenção, pois a velocidade de informações é imensa. As críticas também estão presentes, inclusive sobre o status online fulltime o qual a humanidade se encontra e mantém.

Algumas cenas relembram os filmes antigos da franquia. É como ver outros projeto da franquia dentro de outro filme, processo até natural, uma vez que as histórias precisavam se encaixar com esta em questão. As referências são propositais. E com o desenrolar do filme, a história do atual ganha sua própria forma. Quatro atores entre si merecem ter seus papéis analisados.

Arnold está bem no papel que há muito tempo faz. Sua preparação física lhe permite envolver-se de “corpo e alma” com T-800. Por mais estranho que possa parecer, seu papel o deixou um pouco mais solto. A participação do robô está claramente focada para mostrar o quão durão ele é o quão mais irônica pode ser uma máquina lidar com o entendimento de ações humanas. Chega a ser patético algumas expressões faciais que T-800 faz, mas é Arnold. Ele e o público se entendem.

Muitos pensaram que Emilia Clarke não daria conta do recado como Sarah Connor, personagem importante para a série. Porém a atriz é que há de melhor no filme ao lado de Jason Clarke, que dá vida a John Connor. Nota-se que o esforço dela para a atuação e os espectadores são brindados por cenas vigorosas. Até Arnold a elogiou durante a coletiva de imprensa do filme, realizada por aqui em 1º de junho. John também se sai muito bem, em especial com as reviravoltas que o enredo dá. Algo como vários loopings de uma montanha russa. O Kyle Reese de Jai Courtney demora a mostrar a que veio, porém consegue acompanhar a caravana.

Um filme marcado por encontro de amigos, aliados e família e também por abordar o lado humano dos personagens, mesmo aqueles que de fato não parecem tê-lo. A produção poderia, sim, ter se jogado mais em relação a explorar mais a proposta, mas preferiu deixar isto para posterior ação e apenas situar (ou melhor, encaixar) a obra dentro da cronologia já existente, a fim de preparar o terreno para as inúmeras sequências que devem vir por aí.

“O Exterminador do Futuro: Gênesis”

Diretor: Alan Taylor
Gênero: Ação – Ficção científica
País: Estados Unidos
Ano: 2015
Duração: 2h6min
Roteiro: Laeta Kalogridis e Patrick Lussier
Distribuidor: Paramount Pictures