O nome Herbert tem origem germânica e sua tradução significa “Ilustre Guerreiro”. E o Biquini Cavadão não conhece ninguém tão iluminado e tão guerreiro quanto Herbert Vianna. Cantor do Paralamas do Sucesso, compositor de inúmeros hits, interpretados tanto por sua banda como também por diversos artistas, Herbert sempre foi um embaixador do rock e da música brasileira. Fez a ponte com uma MPB ainda reticente de perder seu primeiro posto no início da década de 80 por uma turma vinda de São Paulo, Rio, Porto Alegre, Salvador e Brasília. Apresentou novas bandas às gravadoras, como a Legião Urbana, chegando em alguns casos a produzi-las, como foi com a Plebe Rude. Fez lindas canções para artistas solo como Daniela Mercury e Ivete Sangalo, criou uma ponte com artistas latino americanos, como Fito Paez, estreitou nossos laços com os ritmos afro-caribenhos e esteve sempre criando sucessos ao mesmo tempo em que apostando em criações de vanguarda. Seus discos solo são uma bela prova disso.
A história do Biquini Cavadão com Herbert Vianna começa em 1983. Bruno, recém-chegado de um curso de férias na Inglaterra, foi apresentado a ele por intermédio de um amigo que mais tarde faria parte da primeira formação da própria banda. Sua irmã namorava aquele guitarrista paraibano que lhe perguntava se o nome “Paralamas do Sucesso era legal”. Meses depois, era ele que quem sugeria o nome de Biquini Cavadão para a iniciante banda. Ainda sem um guitarrista, tiveram sua participação na nossa primeira música, “Tédio”, passaporte para o primeiro contrato da banda com uma gravadora. Aliás, foi ele que incentivou o jovem Marcelo Castello Branco (gerente artístico que, anos depois, se tornou presidente da gravadora) a contratar o Biquini Cavadão para a Polygram em 1985.
Herbert gravou o primeiro compacto simples com a banda, e fez solo na faixa “Inseguro de Vida” do primeiro LP “Cidades em Torrente”, de 1986. Cantou com a Biquini Cavadão em 1991 na faixa “Cai Água, Cai Barraco” do disco “Descivilização”, e deu uma música inédita para gravar. “Pra Terminar”, que se tornou sucesso na voz de Ana Carolina, teve seu primeiro registro no ano de 2000, para o CD “Escuta Aqui”. A admiração do Biquini Cavadão pela carreira e discos dos Paralamas sempre foi patente. Em entrevistas, sempre disseram que, embora cada um tivesse um gosto musical, a banda de Herbert era unanimidade. Em determinados momentos da vida, era comum a Biquini Cavadão se perguntar diante de uma encruzilhada: “O que fazer? O que eles fariam se estivessem em nosso lugar?”. Herbert, Bi e Barone sempre serviram como um norte para a bússola da banda.
Veio então o acidente com Herbert e ficaram com o coração na mão, como todos seus fãs. Acompanharam dia a dia seu restabelecimento. Para a banda, foi uma emoção enorme vê-lo voltar aos palcos e aos discos. Muitos fãs hoje não conheceram os Paralamas com Herbert antes do acidente, mas seguem firmes, amantes de suas músicas e apresentações. Sua garra e seu trabalho só se renovam a cada ano. Perderam as contas de quantos shows já fizemos juntos. E a admiração da Biquini Cavadão até hoje só aumenta.
Fazer este trabalho nasceu como o projeto de um show específico da Biquini, passeando por canções da banda e do homenageado. A ideia já existia desde 2007, mas foram postergando conforme os rumos da banda. Selecionaram oito músicas apenas, o necessário para incluírem no set list. A busca da Biquini foi por canções que pudessem ser traduzidas pela banda. Certamente, grandes sucessos ficaram de fora e não se prenderam a uma cronologia. Antes de gravar o trabalho, chegaram a ficar por horas em frente ao estúdio buscando entender a responsabilidade deste tributo. Os arranjos originais, sempre foram perfeitos. Portanto, buscaram passear por novas searas, encontrar novas idéias para cada canção.
Isso fez com que “Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim” ganhasse uma pegada bem rock “uptempo”, enquanto “Só Pra Te Mostrar” se desfez de seu balanço para um arranjo introspectivo e espacial. “Ska” encontrou uma leitura surf music, e “Vital e Sua Moto” saiu de sua característica levada “à la The Police” para um balanço reggae bem roots. Do clássico “O Passo do Lui”, disco de 1984, fizeram uma versão para “Mensagem de Amor”, com direito a uma mensagem criptografara em código morse. Da década de 90, também gravaram “O Amor Não Sabe Esperar”, do disco “Hey Na Na”. Os anos 2000 vieram com “Cuide Bem de Seu Amor”, um dos sucessos de seu disco “Longo Caminho”, que marcou a volta da banda após seu acidente, numa levada digna de filmes de Tarantino, além de um pop alegre para “Aonde Quer Que eu Vá”. Originalmente como balada, deram uma batida mais solar. Esta última, aliás, junto com “Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim”, foram as únicas, escolhidas por pela Biquini Cavadão, em que Herbert dividiu a autoria com Paulo Sergio Valle. Todas as outras neste disco foram apenas de sua lavra.
Novamente, a Biquini Cavadão esteve com Liminha na produção, já que o disco anterior “As Voltas Que O Mundo Dá”, deu enorme prazer à banda em gravar com ele. Liminha mergulhou em cada canção, tocando baixo, violão, guitarra, numa constatação da Biquini de que ele também ali queria prestar esta homenagem conosco da melhor forma possível. Todos que se envolveram, incluindo os músicos convidados, deram um carinho e calor especial a cada faixa, como que a agradecer por cada canção composta.
Disco pronto, a Biquini Cavadão vai seguir em turnê por 2019 com este projeto. O show terá um momento específico para as canções dele, além de grandes sucessos da banda. A Biquini mal pode esperar pelo que virá. A banda agradece a quem sempre fez lindas canções e que com sua garra e luz, fez mais do que jus a seu próprio nome.
Canais da Biquini Cavadão
ONErpm | Facebook | Instagram | Twitter | site oficial | YouTube | loja