A matemática é utilizada em metáforas em “Cálculo Ilógico”, espetáculo em que a atriz paulista Jéssika Menkel se apropria de uma dor pessoal e tenta entender esse sofrimento por meio de fórmulas e cálculos. Misturando ficção e realidade, o solo, dirigido pelo premiado Daniel Herz, apresenta o sentimento de inquietação que cerca a nós, humanos, quando nos deparamos com o fim. Com um potente trabalho corporal e um texto intrigante, em que o público embarca em emoções desmedidas, a peça, inédita no Rio, estreia em 12 de abril na Casa de Cultura Laura Alvim, no Teatro Rogério Cardoso, em Ipanema.
Em “Cálculo Ilógico”, Jéssika dá vida à Ella, personagem que vive em um universo numérico em busca de nova perspectiva para ver o mundo. “Busquei na matemática uma forma de contar também a história da perda do meu irmão. Todo o mundo já perdeu alguém. Quis transformar dor em arte, resignificar meu olhar para os acontecimentos da minha vida”, releva a jovem atriz, de 28 anos, que também assina a dramaturgia. Em cena, a personagem relembra, revive, calcula acontecimentos e expõe, em números, a eliminação errada de seu irmão D+ 1. “Ella enxerga por meio de uma lógica matemática, analisando a probabilidade dos acontecimentos e buscando razões nos números e nas fórmulas para explicar um cálculo chamado vida”, completa a artista.
Há cinco anos, a atriz vem realizando uma pesquisa a cerca de teatro documentário e autoficção. Em 2017, quando participou do Festival de Cabo Frio “A pastora do lixão” no (prêmios de melhor espetáculo curto pelo júri técnico e pelo júri popular, melhor atriz e melhor concepção cenográfica), conheceu o filho do diretor Daniel Herz, Tiago, que pouco tempo depois a apresentou ao pai, a quem sempre admirou o trabalho, e almejava que a dirigisse em “Cálculo Ilógico”.
“Jéssika me apresentou uma cena curta e fiquei perplexo e, ao mesmo tempo, emocionado com a atuação dela e com a força do texto”, lembra o diretor. “Eu diria que o mais genial dessa dramaturgia é a ficção. A base é uma dor verdadeira da autora que, associada à criatividade, à inteligência e ao talento dela, produziu uma poesia cênica”, define Daniel Herz que, junto com a diretora de produção Maria Siman, aposta no talento da atriz e na potência do texto.
Durante o processo de criação, na sala de ensaio, Daniel Herz realizou diversas provocações dramatúrgicas que fizeram com que Jéssika investigasse memórias, sentimentos, abismos e recortes de sua vida. “Houve muita emoção e choro. Chegava em casa instigada e escrevia muito, muito. Há ficção, mas há muito da minha essência”, lembra.
A encenação valoriza a força do texto e o trabalho da atriz como principais motores da montagem. O figurino de Thanara Schonardie, que também assina a cenografia, traz fragmentos de diversas roupas, inclusive uma camisa do irmão de Jéssika. O cenário, delimitado por uma fita vermelha, traz poucos elementos, como três cubos, que ao longo da montagem ganham novos significados, e uma bicicleta. A trilha sonora original de Éric Camargo foi composta especialmente para o espetáculo, assim como luz de Aurélio de Simoni fortalece a dramaturgia e insere o público dentro da cena.
“Calculo Ilógico” estreou em outubro de 2018 em São Paulo, numa curtíssima temporada no Top Teatro. A montagem carioca tem apoio da institucional do Teatro Rogério Cardoso e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa/FUNARJ.
Sinopse
Sob direção de Daniel Herz, a atriz Jéssika Menkel leva ao palco uma dor pessoal causada pela perda do irmão. Em cena, sua personagem busca uma nova perspectiva para ver o mundo a partir de fórmulas matemáticas.
“Cálculo Ilógico” no Rio de Janeiro
Temporada: de 12 de abril a 5 de maio de 2019
Dias e horários: sexta e sábado, às 19h, e domingo, às 18h
Local: Teatro Rogério Cardoso – Casa de Cultura Laura Alvim – Av. Vieira Souto 176 – Ipanema
Ingressos: R$ 40 (inteira) | R$ 20 (meia)
Vendas: site Ingresso Rápido e bilheteria do teatro
Classificação etária: livre
Lotação: 45 lugares
Gênero: autoficção
Duração: 55 minutos